quinta-feira, 21 de fevereiro de 2013

Rigidez

O tic-tac do relógio ficava martelando na cabeça dele, como que numa condenação, por já serem altas horas e ainda estar acordado, sabendo das trezentas coisas que tinha para fazer na segunda-feira, sempre atribulada no escritório. Entre o controle remoto, as teclas do computador, o cigarro na carteira, o copo de uísque e o número do telefone dela já digitado no celular, ele tenta decidir o que faz com as mãos, geladas por uma madrugada de inverno que não poupa os insones, nem os que não tem com o que se cobrir. A relação deles estava abalada (ou seria acabada?) e ele sabia que a culpa não era dela, mas só dele, de suas próprias ausências sem motivos justos, das brigas por telefone, das discussões ao final dos últimos encontros. Ele queria ela, mas também queria as outras. Ela queria ele, só ele, exclusivamente dela. Estas incompatibilidades acabavam com a auto-estima da mulher que ele aos poucos conseguira conquistar, aquela desiludida que, quando estava com a auto-estima elevada por diversos motivos que não era o amor, se deparou com aquele cara, que de repente, poderia ser diferente, mas não foi. Ficar com apenas uma mulher era um tarefa das mais difíceis para aquele macho alfa, safado, galinha, pegador. Só que ele não sabia explicar o que ela tinha que mexia tanto com ele. Trocaria ele todas por apenas uma? Ela era ciumenta e possessiva, uma escorpiana nata. Jamais admitira uma traição e não hesitaria em sumir da vida dele se soubesse que ele andava se assanhando com outras por aí. Seria ela capaz de acreditar, caso ele dissesse que tinha mudado? Ele cheio de dúvidas, ela totalmente desconfiada. O tempo foi passando e no meio de tanta incompreensão, inflexibilidade, eles se perderam. Triste fim de quem não consegue se doar e mudar um pouquinho para viver um sentimento recíproco e verdadeiro.

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