Lhe encontrei numa noite fria, no último dia do mês que dizem que é o mês do desgosto. Virou a meia-noite, virou a minha vida. Eu não sabia mais conquistar alguém, nem queria ser conquistada, estava lá de corpo presente, esbanjando um sorriso falso e uma simpatia que é minha, mas o coração mais fechado do que o cofre do banco central, rodeado de espinhos venenosos chamados "medo". Não estava nos meus planos você. Não estava nos meus planos me aproximar de você, muito menos deixar você se aproximar de mim. Mas bastou algumas horas de conversa, seus argumentos que me deixavam sem palavras, o espelho que você colocou em minha frente me mostrando o quanto eu posso ir além. Desde aquela noite não nos desgrudamos mais, casamos antes de namorar, eu não queria nada sério, você dizia que a gente já estava vivendo algo sério, eu não queria conhecer teus pais, mas não pude resistir aos teus olhos me pedindo para ir vê-los como presente de aniversário, era seu aniversário, eu não podia negar. E desde aquele dia eu me entreguei, me entreguei sem medidas, sem medo de me mostrar, você já conhece quem eu sou e esse meu jeito louco, intenso, covarde, medroso, pessimista de ser. Eu sou sua agora, me dei para você, porque eu não sei cuidar de mim. Hoje meus planos são outros, meus vícios são outros, mais saudáveis e bem mais surpreendentes. Hoje não me imagino sem você, sem acordar todos os dias do teu lado, sem ganhar teu beijo antes de sair para o trabalho, sem contar os minutos esperando você chegar. Se você não estiver comigo, não há futuro, não há sonhos para buscar. Antes eu não tinha medo da solidão, estava acostumada com ela. Hoje o que mais temo no mundo é um dia ter que viver sem você, porque o que eu sinto é aquele velho sentimento da menina sonhadora, os sonhos são os mesmos de quando eu tinha dezesseis anos, como se você tivesse apagado todas as marcas e ressalvas que ficaram de desamores antigos. E eu não quero nada menos do que viver o resto dos meus dias com você do meu lado. Nada menos do que realizar meus sonhos com você para vivê-los e comemorá-los juntos. Não quero nada menos do que ver meu nome com o teu sobrenome acrescentado e ver nossos sobrenomes juntos nas princesas que vão nascer desse nosso amor. Não quero nada menos do que dar meu último suspiro sorrindo pra você e olhando nos teus olhos, para assim, adormecer em paz.
terça-feira, 17 de dezembro de 2013
sexta-feira, 13 de dezembro de 2013
Time e o garoto do sobrenome
O som grave das guitarras e baixos, as batidas secas dos tambores, o dedilhar do piano, o suspense do primeiros acordes anunciando a canção que vem no momento inesperado... e de repente eles soltam a voz, gritam palavras de um ser arrependido que não viu a vida passar e lá se foram dez anos pelo caminho, ainda que seja jovem. Um dia vou dizer que dez anos se passaram, mas ainda não alcançamos uma década desde nosso primeiro encontro naquele bar, numa noite quente e as promessas fáceis e os planos que nunca deram certo. Vi a vida seguindo, você alcançando seus objetivos, uma namoradinha só pra dizer que tem, segredos que só a mim você confessou... foram tardes juntos, filosofando, falando da vida, das teorias da (in)existência de Deus, das teorias da conspiração, dois corações pulsando, e refletíamos e tentávamos entender tudo e você sempre me dando aulas sobre socialismo, feudalismo, capitalismo, comunismo, todos os "ismos" existentes entre o céu e a terra. E Pink Floyd foi e sempre será a trilha sonora de dois jovens que nada sabiam e nada sabem da vida, mas que viram-se tomando rumos e caminhos diferentes, ainda mais depois que a maldição foi quebrada, como algo que tinha que ser feito, para que o ciclo se fechasse. Sinto falta das bebidas fortes, do rock tocando e ensurdecendo. E o ciclo se fechou. Será?
Insanidades
Um coração que dói mesmo sem ter razões aparentes, lágrimas que caem sem que eu saiba com clareza o porquê, o peito aperta como se algo me faltasse e a única coisa que vejo ao meu redor é o vazio. Velhas cartas que ficaram espalhadas pelo chão, livros lidos até a metade, os ponteiros do relógio que teimam em não andar ainda que eu espere o máximo que consigo para olhar para eles, roupas jogadas de alguém que não está mais aqui. Um copo de uísque sobre a mesa, perdi a conta de quantas doses já se foram, o cinzeiro está cheio, meu cabelo despenteado e me vejo com a pior roupa que eu poderia estar. Minha única vontade é colocar algumas coisas essenciais numa mochila e sair a pé, sem rumo, sem esperança, apenas andar, sem saber onde vou chegar. Talvez eu chegue no mar ou na beira da lagoa onde um dia fui feliz, ou à beira do precipício daquela montanha que um dia sonhei conhecer. Talvez embarque na primeira porta que se abrir e suma no mundo ou caia nas mãos de algum psicopata que me tornará mais uma de suas vítimas. A única coisa que eu não quero é ser encontrada. As lágrimas de quem me espera não vão me comover. Dei sinais o tempo todo de que não suportava mais meus dias, de que eu estava tão apática e com um medo que não permitia me mexer, mudar aquela situação. Quando eu deixar tudo para trás e partir, o conselho que dou é que me esqueçam. Serei apenas um rosto nas fotos, um perfil abandonado nas redes sociais, lembranças vagas de bons momentos vividos. Eu luto com todas as minhas forças para não sucumbir, aqui dentro do meu peito tem uma guerra sangrenta entre continuar vivendo e me entregar, entre lutar por dias melhores e sucumbir. Hoje o céu está nublado e amanhã não terá sol.
Sentimentos antigos
Queria não te amar tanto quanto
te amo
Queria acordar e não morrer de
vontade de te ver
Queria dormir sem antes ficar
horas pensando em você
Queria partir sem sentir dor, sem
derramar lágrimas
Queria não te querer em todos os
segundos como te quero
Queria minha alegria, como a que
tinha antes
O meu jeito descontraído de
encarar a vida, minha espontaneidade,
Sem pensar nas aparências, sem me
preocupar tanto com o dia de amanhã...
Apenas viver, ter mil amigos, mil
coisas pra fazer, mil coisas pra pensar, pra não ter
Tempo de pensar em você, e não
sentir SAUDADE
Em cada vez que respiro, em cada
piscar dos meus olhos, em cada batida do meu coração...
Recuerdos
Quantas cartas encontrei, onde lá
estavam escritos todos os meus sentimentos, mas que, por acaso ou descuido,
nunca foram enviadas. Achei dias arrancados de uma velha agenda, dias que eu
queria, na época, esquecer, mas que por algum motivo, não joguei fora (vai ver
lá no fundo não queria esquecer). Encontrei saudade ao ver a letra em velhos
bilhetes de quem já se foi e chorei, de saudade e por não ter dado mais atenção
enquanto podia. E aí me encontro aqui, limpando caixas que com elas levam um
pouco do que eu fui, do que eu gostava, uma limpeza dolorida, como se levasse
junto pedaços meus, uma limpeza motivada porque um dia alguém disse que, para
novas coisas entrarem, as velhas precisam sair. Não devia ter feito isso hoje,
num dia tão difícil de engolir, que passou atravessado na minha garganta e
embrulhando o estômago porque as horas não queriam passar. E de onde vem essa
tristeza? De onde vem este sentimento de solidão e nostalgia que me derruba como
uma rasteira? E depois de estar no chão de novo, como me reerguer? Escrevo. Ao
escrever, vomito aqui esse dia tenebroso que está até agora entalado na minha
garganta, esse mau pressentimento que me persegue, o abandono, a lentidão do
relógio, aquele sentimento de ser esquecida. Vomito, GRITO minha dor sem
gritar, rasgo a minha carne, o meu eu e me mostro, humana, insana.
Tolices
Um velho CD toca suas notas,
lentas e melancólicas, enquanto percebo que a noite está caindo. O dia foi
longo, mais longo do que normalmente é, as horas brincaram com a minha
paciência já que a tua ausência me causa pavor. Eu sonho porque tu existes, eu
tenho planos porque tu fazes parte deles e sem ti tudo perde o sentido. O
sentimento que por ti cultivo (e digo cultivo porque cuido do que sinto como
quem cuida um lindo jardim) é o que me torna uma mulher melhor. Eu quero
acordar do teu lado todos os dias que me restam nesta terra e só de pensar em
uma ausência tua, permanente, eu perco o controle. Me internem num hospício se
um dia tu partires, porque eu vou gritar sem parar essa dor, se é que serei
capaz de suportá-la. Eu não sei amar na medida certa, eu não sei medir o amor,
eu só sei amar demais. Hoje o dia foi longo porque às vezes me parece que, além
da lentidão do relógio, tu não tens pressa de chegar enquanto eu conto os
segundos e invento algo para me distrair. Eu não sei cuidar de mim...
A queda
Eu te amei como podia e como
sabia amar. Usei todas as dores do passado como lições para ser a melhor mulher
possível pra você. E onde você estava quando eu mais precisei? O clima lá fora
é o reflexo do meu interior: chuva, chuva, temporais, inundações, bagunça, lixo
espalhado por todo canto. Não, eu não preciso que você me entenda muito menos que
concorde comigo. Só quero que me aconchegue em seus braços e diga que ali é o
meu lugar. Porque não há lugar no mundo que eu mais queira estar do que além de
dentro do teu abraço. Então não me julgue, pelo menos você, pelas palavras que
disse sem pensar. Me cure. Me segure, falta pouco pra eu cair. Você será forte
o suficiente para suportar?
Texto mudo
Sinto-me presa e envolta de paredes que ninguém vê além de mim, com água sendo jogada para dentro desta sala invisível e eu respirando o pouco ar que me resta. Me perdi nos dias, no tempo, na data de hoje, nos dias da semana, todos eles têm sido iguais, cheios de espera, espera por uma presença que preenche, mas ainda falta algo. Estou tão presa no calendário, neste ano que teima em não terminar, nesta falta de condições de planejar e a iminência destas datas de fim de ano que nos obrigam a ser felizes só me irritam e me fazem querer ficar dentro do meu apartamento, isolada, sem internet e telefone desligado. Ao mesmo tempo que estou presa e tento me soltar, sou atacada por uma apatia, uma imobilidade: é um querer sair mas não querer socializar. Prefiro ficar quieta no meu canto do que esboçar sorrisos falsos. E eu volto a ouvir as mesmas canções que ouvia no ano passado, nesta mesma época, inquietantes, agoniantes. O que dependia de mim foi feito e ficar na dependência da boa vontade alheia é que me mata por dentro. E tudo volta a não fazer sentido, tudo volta ao estado inicial de sempre, deserto e perdido, vendo a areia voar com o vento, o silêncio brutal, esmagador da desesperança. É como se eu gritasse e ninguém me ouvisse, como se eu caísse e ninguém diminuísse o passo para me olhar e me ajudar a me reerguer. E tem alguém me ouvindo agora?
domingo, 8 de dezembro de 2013
Feridas
Eu ainda quero ser o ser negro e
solitário que vaga pelas ruas nas madrugadas frias e sombrias com as névoas de
julho. Ainda quero ser o mendigo jogado na calçada, sujo, indigno de um olhar
de carinho, ignorado pelo sistema e por todos que por ele passam, mas não pelos
cães que também tem a rua como lar. Ainda quero remoer todas as palavras não
ditas, todos os sentimentos engasgados na minha garganta e gritar que dói, dói
demais ser vítima de julgamentos alheios. Hoje eu entendo quem se isola do
mundo, que se esconde debaixo das cobertas, quem foge sem rumo. Entender e se
fazer entender exige cortes, exige dores, lágrimas e desespero. Enquanto tudo
desmorona, queria virar a bola velha da criança da vila que desceu rua abaixo na
água da chuva forte que caiu.
Boca de jacaré
Eu quis me expressar, achei que
pisava em terreno seguro. Pensava que nossa intimidade estava estabelecida e eu
confiava em você. Entreguei os pontos, mostrei minha cara, sem máscaras, fui
sincera como não se pode ser, e a inocência mais uma vez, me fez culpada de um
crime que não cometi. E a minha língua, maior do que a boca me trouxe
julgamentos injustos. Minha fala é fatalista, é oito ou oitenta, “faca na
bota”, mas meus atos, perpassados pelas tuas palavras persuasivas, são
baunilha, puro mel e suaves como algodão doce. Você tem o dom de quebrar o meu
gelo, adoçar minhas amarguras e sempre me fazer refletir, usando meus próprios
argumentos contra mim. Eu vou deixar os dias passarem, a chuva lavar a dor e o
bálsamo divino me fazer alguém melhor a cada dia.
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