segunda-feira, 9 de novembro de 2015

Sem chão

E de repente eu olho à minha volta e percebo que as duas principais pessoas da minha vida; minhas referências; meus portos-seguros; minha base... eles já se foram. É inútil evitar o sentimento de solidão. O medo toma conta porque, se algo der errado, para onde ou para quem eu vou correr? Quem neste mundo seria capaz de me acolher, sem julgamentos ou questionamentos? 

E é neste momento que sinto a vontade de ir embora também. Sinto como se não pudesse viver sem eles, como se nada aqui tivesse mais razão de ser. Pra que lutar pra conquistar coisas melhores se eles não vão poder se orgulhar de mim? Muitas das minhas lutas e vitórias foram mais em razão de lhes encher de orgulho do que por mim mesma.

Olho para esta ausência, esse buraco que se abriu na minha existência, no meu peito, esse vazio que faz doer fisicamente e tento engolir a ideia de me acostumar a viver sem eles. Os sorrisos são amarelos, meu olhar perdido, a mente um turbilhão porque algo me diz que eu não posso parar. Não posso desistir porque de alguma forma eles ainda vão se orgulhar de mim, onde quer que estejam.

Me valho do engano de que eles não iam querer que eu desistisse e aí me lembro que eles eram a razão da minha vida, foi por eles que desisti de pular do sétimo andar com 20 anos, foi por eles que desisti de me jogar na frente de um caminhão ou pular de uma passarela ano passado. Agora eles não estão mais aqui...

Não posso ser egoísta e pensar que ninguém sofreria se eu partisse. Muitas pessoas se importam comigo e muitas delas eu amo também. Só que de uma maneira diferente. O amor que eu tinha pelos meus avós que me criaram era algo próximo da divindade, um amor que só consigo definir como sendo PLENO. E por quem mais nesse mundo eu teria um amor pleno?

Olho para estes parágrafos e encontro tantos pontos de interrogação... e é isso que a morte traz para os que ficam: muitas perguntas, quase todas sem respostas. Até que ponto eu posso suportar tudo isso, até onde conseguirei fingir que está tudo bem? As vezes parece bem, mas é só pensar por 5 minutos que tudo desmorona...

quarta-feira, 4 de novembro de 2015

Sobre a dor mais profunda

E de repente aquele coração que sempre te encheu de amor e te deu tudo que precisavas para que tu crescesses feliz, para de bater. Como a chama de uma vela que ainda resta no pavio, mesmo depois de toda cera ter derretido simplesmente se apaga, assim foram os últimos suspiros da pessoa mais importante da minha vida. Ali, já sem consciência, jazia em um leito de sofrimento, mas não sem receber todo o meu amor. E todas as minhas preces foram atendidas: já que o caso era irreversível, que seu sofrimento não fosse longo. Quando vi seu semblante esbranquiçado, perdi o chão embaixo dos meus pés. E agora, pra quem vou correr quando tudo der errado? E pra quem vou contar minhas alegrias, pra encher de orgulho? Mas por mais sozinha que eu me sinta, nosso elo é forte demais para ser quebrado pela distância física. A morte nunca será capaz de nos afastar, pois ela está em mim, no meu DNA, no meu inconsciente, na minha personalidade, está em quem eu sou, em quem eu me tornei e em quem eu quero ser a partir de agora. Para sempre em mim, para sempre comigo.