quarta-feira, 16 de outubro de 2013

É só fechar os olhos...



E de repente a nuvem de mágoas de um passado ingrato, de amar e não ser amada, de ser amada e não amar, de não querer se apegar, e mesmo assim se apegar e sofrer, de noites acompanhada mas sozinha, de noites na mais completa solidão e silêncio, uma nuvem grossa e escura, que andava comigo onde quer que eu fosse, eis que se dissipa, como a fumaça de um cigarro que sobe e some, como a espuma do mar que vem densa e some ao beijar a areia. 

Acordar e ver teus olhos negros ainda fechados, você ainda dormindo e depois te acordar com um beijo e vê-los abrirem foi como um bálsamo divino que me curou todas as feridas, apagou todas as dores, acalmou minhas ânsias e me deu a paz que eu sempre busquei. 

Deixemos de nos preocupar com o curto tempo em  que tudo aconteceu, em que dias pareceram anos, pois a divisão humana do tempo só foi criada para que o homem pudesse organizar sua vida atribulada e suas obrigações impostas pelos mais poderosos. 

O tempo do amor não é contado em dias, nem em horas, nem em anos. O tempo do amor é contado antes mesmo de nascermos, o destino se encarrega de nos proporcionar experiências, sonhos, desilusões para que nos tornemos peças com perfeito encaixe, em que uma complementa a outra, formando um todo inteiro, indivisível e que faz de dois, um, e de um, dois mais fortes para enfrentar a vida. 

Deixemos de lado as opiniões alheias, que não vêm daqueles que torcem por nossa felicidade, que nos freiam dizendo que é cedo demais para isso ou aquilo, afinal, por que esperar se temos a certeza de que somos um do outro, se quando estamos juntos somos mais felizes e se compreendemos a raridade desse sentimento, desse encontro e desses planos tão perfeitos? 

Ainda que a intempéries da vida e que a distância nos acometa com as maiores dúvidas e medos, a solução é fechar os olhos, porque todas as vezes que fechamos os olhos quando juntos, eternizamos em nossas memórias cada beijo, cada abraço, o cheiro, o toque, os detalhes pequenos de nossos rostos. 

Então, quando nossos corpos não puderem se tocar, quando nossos olhos não puderem se encontrar e quando não pudermos dar um beijo de chegada e de saída, todos os dias, é só fechar os olhos que tudo se tornará vivo em nossas mentes, aplacando a saudade e fortalecendo o que sentimos um pelo outro. Porque a ausência está para o amor como o vento está paga o fogo: apaga os pequenos e alimenta os grandes. 

segunda-feira, 14 de outubro de 2013

Ele e Ela



ELE anda cansado das baladas e dos casos furtivos sem sentimentos. Aprendeu a gostar da própria companhia, sem precisar estar em uma turma de amigos todos os sábados. Decidiu que quer um amor verdadeiro… que pode nem ser eterno, mas que traga um sabor doce às suas manhãs, que seja a melhor companhia para olhar a lua. Que ele possa exibir os seus dons na cozinha e o seu conhecimento em vinhos, só para ela.
Quer uma mulher que ele reconheça pelo cheiro dos cabelos, pelo toque dos dedos, pela gargalhada que vai ecoar pela casa transformando um domingo sem graça, no melhor dia da semana. Quer viver uma paixão tranqüila e turbulenta de desejos… quer ter para quem voltar depois de estar com os amigos, sem precisar ficar “caçando” companhias vazias e encontros efêmeros. Quer deitar no tapete da sala e ficar observando enquanto ela, de short jeans, camiseta e um rabo de cavalo, lê um livro no sofá, quer deitar na cama desejando que ela saia do banho com uma lingerie de tirar o fôlego.
Quer brincar de guerra de travesseiros, até que o perdedor vá até a cozinha pegar água. Quer o poder que nenhum dos seus super heróis da infância tiveram… o poder de amar sem medo, sem perigo e sem ir embora no dia seguinte.
Quer provar que pode fazer essa mulher feliz!

ELA quase deixou de acreditar que seria possível ter vontade de se envolver novamente. Foram tantas dores, finais, recomeços e frustrações que pensou em seguir sozinha para não mais se machucar. Então percebeu que a vida de solteira já não está fazendo tanto sentido. Decidiu que quer um amor verdadeiro… que pode nem ser eterno, mas que possa acordá-la com um abraço que fará o seu dia feliz, quer um homem que ela possa cuidar e amar sem receios de que está sendo enganada. Quer a alegria dos finais de semana juntinhos, as expectativas dos planos construídos, o grito de “gol” estremecendo a casa quando o time dele estiver ganhando… a cumplicidade em dividir os segredos.
Quer observá-lo sem camisa, lendo o jornal na varanda… quer reclamar da bagunça no banheiro, rindo e gritando quando ele revidar puxando-a para o chuveiro, completamente vestida.
Quer a certeza de abrir a porta de casa e saber que mesmo ele não estando, chegará a qualquer momento trazendo o brigadeiro da doceria que ela gosta tanto. Quer beijar, cheirar, morder, beliscar e apertar para ter certeza que a felicidade está ali mesmo… materializada nele.
Quer provar que pode fazer esse homem feliz!

Mais uma chance para o amor




Penso em você todos os dias. Desde quando acordo, naquele momento em que a gente abre os olhos fazendo força para não dormir de novo, até antes de dormir, quando deito e penso nas coisas que tenho que fazer amanhã, embora pensando na minha rotina do dia seguinte, consigo pensar em você ao mesmo tempo. É como se você estivesse dentro da minha mente, pois te vejo em tudo o que estou fazendo e sentindo. Talvez isso seja uma tentativa de me sentir perto de você, talvez isso seja um mecanismo de defesa que desenvolvi, que transcende a teoria de Freud, para não sofrer com a tua ausência.  Só que é tão forte, que eu não consigo mais parar de pensar, é algo que absorvi e já faz parte de mim e o pior de tudo isso é que não consigo entender nada, entre outras coisas que não compreendo desde o segundo em que te vi pela primeira vez. Penso tanto que de certa forma acho que você também pensa, pois já perdi as contas das coincidências que aconteceram como te ligar no momento em que você está escrevendo um SMS pra mim. De repente me vi como a menina que sempre quis voltar a ser, que acreditava no amor, nos contos de fada e no príncipe encantado, ciente de que perfeito ele não poderia ser. Concluí que todos os amores e desamores que vivi para nada mais serviram além de me preparar para alguém especial, para quando o cara certo entrasse na minha vida. Esse passado me moldou, aparou as arestas e quando eu deveria me sentir preparada, me sinto na verdade tão confusa quanto uma garota de 15 anos. Escondi-me da dor atrás de uma capa de mulher moderna, que acreditava e aceitaria o amor livre, sem deveres de fidelidade, que dizia que o que importava era o lado profissional e não o amor, que não acreditava em amores que duram há 30 anos ou mais, que não queria casar e nem ter filhos, só ter encontros casuais e bastava. Até que, dias antes de lhe conhecer, despi-me do orgulho e admiti para mim mesma que estava cansada de estar sozinha e que sabia que um amor agora me faria muito bem. E te conhecer não parece ter sido apenas conhecer: sinto que nos REconhecemos, pois foi tudo tão intenso desde os primeiros segundos. Resisti bravamente aos teus incessantes pedidos de namoro, dizendo que só a palavra “namoro” me causava pânico, só conseguia imaginar uma relação baseada no ciúme e privações de liberdade. Você, sempre teimoso, já dizia que nossa relação era namoro sim e que eu estava “pega”. E como sempre, você tinha razão. Não consegui mais fugir da tua oferta tentadora e compassiva de me dar (sim) AMOR. E fechei os olhos, suspirei, esqueci o medo e me atirei em seus braços, me dei inteira pra você, como quem diz: estou cansada de cuidar de mim sozinha; estou cansada de não ter alguém para cuidar e dar todo esse amor que tenho reprimido e estou cansada disso também. Pronto. Agora sou tua e o amor que não me decepcione, pois não tenho mais forças para tentar de novo.