sexta-feira, 20 de janeiro de 2012

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Não quero mais olhar teus olhos que tanto me incentivaram a mudar e querer crescer na vida, para ter um status, uma posição social melhor do que a que eu tenho e tive até hoje. Não quero mais olhar teus sorrisos, sempre tão irônicos e sádicos me dizendo 1000 coisas, sempre com duplo sentido e segundas intenções; sorrisos de críticas, de malediências, de fofocas, intrigas, que denegriam sempre aqueles que tu mais invejava. Não quero mais ouvir tua voz, nem de longe, nem pelo celular, muito menos ao pé do ouvido, dizendo sempre as coisas certas que me faziam amolecer as pernas e te querer cada vez mais. Nem as tuas mãos eu quero ver, aquelas que percorreram minha pela alva, descobriram minha nudez, roubaram minha ingenuidade, me fizeram tantas e tantas vezes perder a cabeça, enlouquecer...Teus lábios eu quero esquecer que um dia tomei a iniciativa de beijar, numa noite louca, que desencadeou toda esta história trágica. Quero esquecer, também, teus beijos sempre tão longos e profundos, que me levavam ao mais alto dos céus um dia inventados e habitados por seres de aspecto divino, ah, eu juro! Quero esquecer estes beijos que te tão enlouquecedores fizeram com que eu me embriagasse de você e caísse em todas as tuas mentiras, sempre vestidas das mais lindas verdades...O teu abraço apertado, nossos corpos colados, o arrepio na espinha quando tua mão tocava minhas costas, os sussurros que saíam inevitavelmente quando descia tua língua quente pelo meu pescoço, e todo o resto...eu quero mais que tudo nessa vida esquecer o brilho dos meus olhos quando o celular tocava, a palpitação quando meus olhos encontravam os teus, os delírios de uma sonhadora que imaginou uma vida inteira do teu lado! Quero esquecer teu cheiro, tuas promessas fáceis, quero apagar você de mim.


O doce amargo do meu ser




E os anos vão passando, um após o outro. Nesta marcha lenta, que nunca para, fui me perdendo ao poucos como quem antes viveu mas já não vive mais. Eu que era cheia de princípios, sonhos, conceitos e pré-conceitos, eu que me via cheia de esperanças e era mais do que nunca apaixonada pela vida...eu que ainda sonhava com o príncipe encantado, com o amor verdadeiro, com sinceridade, cumplicidade e achava (doce ingenuidade!) que tudo seria eterno. Que quando eu encontrasse aquele que seria "o cara" nos apaixonaríamos perdidamente, namoraríamos, casaríamos, teríamos nossa vida, nossos planos, nossos filhos e que quando estivéssemos bem velhinhos morreríamos um ao lado do outro. Eu era só mais uma garota sonhadora (Oh, se sonhava!), que não via maldade nos homens, nas pessoas, nas atitudes e sofria por as vezes perceber que as coisas não eram bem assim. E esta moça que vivia em um mundo colorido foi cair nas mãos de um traste, o mais safado, cafajeste, manipulador, traiçoeiro que ela pode conhecer. Foi iludida e desiludida, encantada e a vida a desencantou. A dor a fez perceber o quão mau o ser humano pode ser. E as consequências disso? As piores possíveis. De moça doce e sonhadora, para mulher amarga e sarcástica que não acredita no amor, acredita apenas que as pessoas se usam e que quando alguém não é mais útil é colocado no lixo.

sexta-feira, 13 de janeiro de 2012

O sonho



Acordei, ainda deitada no leito terno a que adormeci na noite anterior. Meu corpo, sonolento; abri os olhos vagarosamente e vi o teto do meu quarto, cinzento e com as mesmas estrelas que brilham quando apago a luz. Tentei me mexer e foi quando percebi que meu braço esquerdo estava esticado à minha frente, formando um ângulo reto com a linha do meu corpo e sobre este braço um peso. Ao virar-me, deixando meu corpo de lado sobre a cama, você estava ali, com a cabeça sobre o meu braço, daí o peso a que me referi antes. Aquele mesmo rosto de promessas fáceis, de sorriso lindo e sombrio, olhando para mim, deitado na minha cama de novo, habitando o meu quarto, o meu mundo, a minha vida novamente. E, frente a frente, olhos nos olhos, foi impossível evitar um sorriso, mais de estranhamento do que de alegria, brotando em meus lábios. Ao mesmo tempo em que sorríamos um para o outro, tentei aproveitar aquele segundo de paixão, aquela fração de sinceridade, de amor verdadeiro, há tempos não experimentado. Mutuamente, puxamos nossos corpos um contra o outro, pra ficar mais perto, se perto. Senti o arrepio frio correr dos meus pés, até a raiz do cabelo e a sensação de paz e aconchego que só sentia estando assim, nos teus braços. E antes que qualquer palavra fosse dita, antes de lavar a roupa suja, antes de armar minhas defesas e ficar na defensiva...por um instante fechei os olhos e te abracei, te aconcheguei contra o meu corpo, num instinto forte de te proteger, te cuidar, te aproveitar pois só eu te sei, só eu...e então acordei, agora sim na vida real. Pronto, minha dose de você já estava tomada por hoje.

Onde?



Em que parte do meu corpo você se esconde? Onde, dentro do meu inconsciente, que eu ainda não o encontrei para mandá-lo embora? Não te quero mais aqui, nos meus poros, no meu suor, nos meus suspiros, nos arrepios...apareça para que eu possa olhar de frente pra você e mandá-lo embora de vez...saia daqui, sua presença me faz sofrer, você é tudo que eu quero esquecer... 

terça-feira, 10 de janeiro de 2012

Temporal

Foi como um vento de verão, aquele que vem antes da chuva. Chegou, movimentou meu mundo, virou-o de cabeça para baixo, feito um vendaval. Depois foi se acalmando, se afastando, passando, parando. E então veio a chuva, poderia até dizer chuva de lágrimas, de dor, desilusão, depressão. Virou um temporal dos mais devastadores, daqueles que se decreta estado de calamidade. E quando enfim partiu, restou um universo, uma vida, sonhos, planos...todos destruídos. Eu quase desisti mas algo em mim ansiava pelo recomeço, uma voz ainda clamava para que eu tivesse forças. Em como em qualquer situação destas, tudo foi se reerguendo aos poucos. Só que, infelizmente, eu nunca mais fui a mesma pessoa.


segunda-feira, 9 de janeiro de 2012

Só hoje

E na madrugada as lágrimas correram soltas pelo travesseiro. Os soluços soaram como gritos na noite cálida. É incrível como as pessoas tem o poder de estragar a felicidade dos outros. Embora lutemos incansavelmente para que isto não aconteça, tem sempre um momento, um segundo no relógio, uma palavra que faz com que a resistência se transforme rapidamente em desistência. Eu desisti de ser forte, de engolir os sapos, de fingir que não ouvi, de achar que foi da boca pra fora, que não foi por mal. Não, foi por mal sim, foi pra incomodar, estressar, judiar, magoar. E do alto da minha ira, por amar, chorei. Chorei ao invés de falar poucas e boas, de dizer tudo o que penso e o que deve ser dito, de pegar as minhas coisas e sair porta afora para nunca mais voltar, nunca mais falar, nunca mais saber ou dar notícias. Eu sou a sua melhor companhia (e falo sem modéstia), sou eu quem vai te cuidar quando a dor e a doença chegar, sou eu que rezo para que você viva e viva muito tempo ao meu lado, sou eu que tremo de medo ao pensar no dia em que você vai partir, sou eu quem mais quer retribuir todo o amor que um dia recebi, sou eu que zelo por ti, te olho, te cuido, te preservo, como um bibelô, o meu tesouro mais valioso. Então, por que me magoar? Por que insistir em se prevalecer do meu amor? Hoje está difícil olhar para seu rosto, hoje quero ficar longe de você, até essa dor passar. Mas só hoje. Pois eu sei que a hora em que você me olhar com carinho, me tratar com amor, que sorrir sem deboche, sem se esconder atrás do muro de frieza, eu vou retribuir todo o amor e o sorriso e a sinceridade, eu vou estar aqui, sempre.


Conselho

‎"Dentro da igreja, ajoelhe-se. No estádio de futebol, grite pelo seu time. Numa festa, comemore. Durante um beijo, apaixone-se. De frente para o mar, dispa-se. Reencontrou um amigo, escute-o.

Ou faça de outro jeito, se preferir: dentro da igreja, escute-o. Durante um beijo, dispa-se. No estádio de futebol, apaixone-se. De frente para o mar, ajoelhe-se. Numa festa, grite pelo seu time. Reencontrou um amigo, comemore.

Esteja, entregue-se."
(Martha Medeiros)


Girassóis

Nunca olhei pros lados pra não perder a direção
Nem senti meus passos, na marcha cega encontro uma razão
Talvez perca o emprego, talvez a sua resposta seja não
Quero dar um jeito de conseguir pagar a prestação,
de passear na grama do parcão, de respirar, deitar ao sol que brilha...
Deixo o sol bater na cara, esqueço tudo o que me faz mal
Deixo o sol bater no rosto que aí o desgosto se vai...
- Girassóis (Cidadão Quem)


sexta-feira, 6 de janeiro de 2012

Sexta da alegria


Sexta da alegria!

A primeira sexta-feira de 2012! Dia de comemorar mais uma semana de trabalho, de sair para um happy hour,
de sentar num boteco, acender um cigarro, pedir uma gelada e esquecer da vida...
Toda sexta-feira é assim: alegria sem fim, alma leve; é como se eu e metade do mundo apertasse um botãozinho no cérebro "off", que só fica "on" na segunda-feira, as 8 horas da manhã.
E é assim que eu estou hoje...contando as horas para terminar o expediente,
pra chegar numa cidade bem quente, ver muita gente e sorrir, sem pensar em mais nada...
Carpe Diem!

E a vida lá fora, me chama

Tantos amigos. Tantos lugares. Tantas frases e livros e sentidos. Tantas pessoas novas. Indo. Vindo. Tenho só um mundo pela frente. E olhe pra ele. Olhe o mundo! É tão pequeno diante de tudo o que sinto. Sofrer dói. Dói e não é pouco. Mas faz um bem danado depois que passa. Mas agora, com sua licença. Não dá mais para ocupar o mesmo espaço. Meu tempo não se mede com relógios. E a vida lá fora, me chama.
- C.F.A.



Idas e Voltas

"....veio nos trilhos do tempo o trem do destino e foi te levando por outros caminhos, deixando-me aqui na estação solidão...e nessas idas e voltas da minha saudade, perdi o endereço da felicidade, fiquei prisioneiro da recordação..."


quinta-feira, 5 de janeiro de 2012

Saudades



SAUDADES
(Clarice Lispector)

Eu sinto saudades dele. Uma falta cheia de reminiscências que remetem a lugares, sons e imagens; uma saudade reprimida no fundo dos meus olhos cor-de-mel, impossível de ser saciada. Mesmo que, hoje, ele aparecesse na minha frente em carne e osso e me olhasse; mesmo que eu recebesse um telefonema, uma carta dizendo onde ele está; nada supriria essa falta do passado, essas memórias quase imemoráveis. Carrego, junto às minhas vertigens com hora marcada, a sombra dos sorrisos, os olhos nos olhos, o rosto brilhando em mil tons e ofuscando tudo de mais feio e ruim, apenas para enfatizar a beleza e a ternura que jazem imprimidas em todas essas fotos nunca reveladas que arranham os meus pensamentos durante as noites claras e silenciosas. Não é dor. A dor se ratifica, se esvai. O que sinto é diferente das cicatrizes de amores mal sucedidos e paixões dilaceradas pelos mais insípidos pormenores; é algo que não se explica com clichês elaborados e poesias belas e doloridas. É mais do que isso. Algo que ainda não inventaram o nome, e quiçá o diagnóstico. Entretanto, mostra-se da cor da angústia: azul, plácida e terna.

Um trecho


"Então mantenha na mente todos os sacrifícios que estou fazendo para te manter ao meu lado e evitar que você saia pela porta."
- Bruno Mars.

Formato Mínimo


Começou de súbito, a festa estava mesmo ótima
Ela procurava um príncipe, ele procurava a próxima
Ele reparou nos óculos, ela reparou nas vírgulas
Ele ofereceu-lhe um ácido e ela achou aquilo o máximo
Os lábios se tocaram ásperos, em beijos de tirar o fôlego
Tímidos, transaram trôpegos e ávidos, gozaram rápido
Ele procurava álibis, ela flutuava lépida
Ele sucumbia ao pânico e ela descansava lívida
O medo redigiu-se ínfimo e ele percebeu a dádiva
Declarou-se dela, o súdito; desenhou-se a história trágica
Ele, enfim, dormiu apático na noite segredosa e cálida
Ela despertou-se tímida, feita do desejo, a vítima
Fugiu dali tão rápido, caminhando passos tétricos
Amor em sua mente épico, transformado em jogo cínico
Para ele, uma transa típica, o amor em seu formato mínimo
O corpo se expressando clínico, da triste solidão, a rubrica.


quarta-feira, 4 de janeiro de 2012

O Início


Eis o meu âmago. A leoa que vive calada, pois aquilo que é mais íntimo nunca é externado. Cada palavra nasce sem engodo: a minha mais pura essência, o segredo de todos os segredos, a raiz de todos os males. Meu coração ardiloso agora encontra uma forma de gritar aos quatro ventos a sua dor e alegrias mais profundas. Aqui registro os pensamentos, sentimentos dos mais sublimes aos mais fugazes. O implícito que vai se tornar explícito, o ventre descoberto, o colo à mostra, justapondo o outro e seus eus, meus, teus; para que tudo seja perene, eterno diferente de tantas coisas que não foram assim. E aos pérfidos toda a minha ira escancarada, todos os meus maus desejos agora serão púlicos. Bem vindos ao âmago da leoa.