sexta-feira, 5 de abril de 2013

Uma música que fala por mim...




Te Esperando (Luan Santana)

Mesmo que você não caia na minha cantada
Mesmo que você conheça outro cara
Na fila de um banco
Um tal de Fernando
Um lance, assim
Sem graça

Mesmo que vocês fiquem sem se gostar
Mesmo que vocês casem sem se amar
E depois de seis meses
Um olhe pro outro
E aí, pois é
Sei lá

Mesmo que você suporte este casamento
Por causa dos filhos, por muito tempo
Dez, vinte, trinta anos
Até se assustar com os seus cabelos brancos

Um dia vai sentar numa cadeira de balanço
Vai lembrar do tempo em que tinha vinte anos
Vai lembrar de mim e se perguntar
Por onde esse cara deve estar?

E eu vou estar
Te esperando
Nem que já esteja velhinha gagá
Com noventa, viúva, sozinha
Não vou me importar
Vou ligar, te chamar pra sair
Namorar no sofá
Nem que seja além dessa vida
Eu vou estar
Te esperando...

Escolhas




Eu podia ter sido bem mais que uma "amiguinha", bem mais que este título infeliz que você insiste em me dar.  Será que não deu pra perceber nos meus olhos o quanto eu estava caidinha, apaixonada, entregue? Se viu, se fez que não viu ou tratou de fugir, como os outros covardes que têm por aí.

Sabe, eu podia ter sido seu porto seguro, aquele colo quente em que você sempre encontraria uma palavra de conforto, um conselho no meio do seu turbilhão de problemas dessa vida tão complicada (ou será que é você que não sabe descomplicar?).

Podia ter sido aquela companhia que você sempre dizia que queria, aquela que ia acabar com a solidão que você insiste em dizer que não sabe conviver; eu também poderia ser uma parceira para qualquer loucurinha como beber demais numa festa e não saber onde está depois.

Olha, podia até ter sido a ciumenta que você parece gostar tanto, pegar no pé de verdade, meter pressão, não dar espaço para você respirar e exigir a sua presença a todo momento, eu faria esse esforço, embora meu estilo de amar seja bem mais simples, livre e descomplicado.

Podia até ter aceitado me casar com você daqui um tempo, juntar os trapos, as escovas de dentes, dormir e acordar juntos, naquela rotina tão familiar para você. Poderíamos ter tido um gato. Acho até que você poderia ter sido o pai da minha filha, que um dia vai nascer.

Poderíamos ter sido qualquer coisa, um casal comum que faz tudo sempre igual ou um casal incomum, que tatuaria as iniciais um do outro numa atitude impensada e imperdoável; podíamos ter sido as mãos dadas num fim de tarde no parque, a discussão engraçada no supermercado decidindo o que comprar ou a marca do iogurte, o banho junto num fim de tarde com água bem quente e uma massagem, o beijo antes de sair para o trabalho, os corpos abraçados na cama esperando o sono chegar.

Mas não. Dentre todas as possibilidades você escolheu ser o pior que poderia ter sido. Escolheu ser os dias tristes na minha agenda, as lágrimas que rolaram no travesseiro, minha insônia, minha falta de apetite. Escolheu ser uma página virada, escolheu ser decepção. Escolheu agir da forma mais cruel, matando lenta e dolorosamente, tudo que eu sentia por você. Escolheu ser o calendário do ano passado, ficar na lista dos cafajestes, ser igual a todos os outros. Poderia ser presente, mas preferiu ser passado.

Um novo dia



A noite caiu sobre a cidade grande, mas o barulho não para. É sexta-feira. A vida pulsa na rua, assim como pulsa em minhas veias, mesmo com tantas despedidas e desencontros, mesmo que os caminhos estejam fechados. Eu tenho fé no dia de amanhã, que é quando tudo se renova e mais uma oportunidade nos é oferecida, mais uma chance para tentar mudar as coisas de lugar e respirar um novo ar. Fechei as portas para os encontros banais, para os interesses fúteis, para as minhas vontades sem razão e abri a janela para o auto-conhecimento, a auto-preservação, mesmo que, com isso, a solidão tenha vindo junto. Eu tenho uma chama aqui dentro que não conseguiram apagar, ela sempre me lembra o quanto ainda preciso tentar, mesmo quando as coisas teimam em não dar certo. Meu mundo é um estranho particular, sobram sonhos, sobra vontade de vencer, ainda que o lixo das perdas e derrotas atrapalhem meus passos nos espaços pequenos. Aqui só entra quem eu permito entrar, só fica quem faz por merecer e uma vez aqui dentro, para sempre aqui dentro, mesmo que me magoem, eu nasci com o dom de perdoar. Minha voz não será calada, minhas ânsias serão meu combustível, meus medos serão meus freios, porque a vida, meu caro, é como andar de bicicleta: para manter o equilíbrio é necessário manter-se em movimento, mesmo que doa, mesmo que correntes nos prendam. Mesmo que o sol não brilhe amanhã, o dia seguinte é sempre a vida dizendo que podemos tentar de novo.