terça-feira, 10 de setembro de 2013

As 1001 dúvidas

Eu não quero mais falar desses amores e dessas coisas tolas que deixam as pessoas suspirando e andando distraídas por aí. Queria falar de amor de uma forma prática, pragmática e formal. Busco e rebusco as palavras no dicionário, nos melhores guias científicos e acadêmicos que seriam, em tese, as melhores fontes para definir algo que não vemos e não tocamos, apenas sentimos. Como definir o que se sente? Como descrever de uma maneira inteligível as mil sensações ocorridas no nosso cérebro apenas ao ver em um pedaço de papel a imagem o ser amado? Queria poder descrever minuciosamente cada sensação e entender o porquê de cada uma delas. Por exemplo, por que nosso coração bate mais forte quando nossos olhos encontram os olhos do objeto de nossa paixão? Que descargas elétricas e hormonais definem a nossa tendência a gostar mais de uma pessoa e menos de outra? Que pré-conceitos cerebrais nos levam a definir um esteriótipo de homem/mulher preferidos? Essa não é a primeira e nem será a última vez que estes questionamentos virão, não só para minha vida, mas para a vida de muitos seres mortais, poetas e boêmios. Pobre de mim que trago tamanhas dúvidas, que nem em séculos puderam ser respondidas... Enfim, do amor só se pode dizer uma coisa: não tente entender, apenas SINTA...

terça-feira, 3 de setembro de 2013

Devaneios tolos

Eu queria escrever, mas não há nada a dizer. A mente tão acelerada, os problemas me sufocando e no meio disso tudo ainda consigo falar de amor, de sonhos... mas chega. Quero me transformar num balão de gás hélio de escapar dos dedos da criança, e subir ao céu, sem pressa, olhando a vida ficar lá embaixo. Quero me perder entre as ondas e quando perceber estarei flutuando de braços abertos em alto mar, olhando o céu, ouvindo só a água. Quero ficar presa num quarto todo branco, sentido as horas passarem enquanto sinto o tempo me castigando e matando minhas células, uma a uma, enquanto outras tantas nascem em seus lugares. Quero o silêncio absoluto. Meu lugar é num hospício, ali, olhando pro nada, fazendo do tic-tac do relógio uma canção, fazendo história para a formiga que passa no chão e imaginando que ela é a princesa do formigueiro e está passeando, arteira e curiosa. Queria me deitar na areia do mar e gritar até meus pulmões explodirem, gritar sem ser ouvida, gritar sem que me pedissem pra parar. Minha vida é um grande brinquedo que me deram e não me ensinaram a brincar e eu fico ali parada, admirando-a, sem saber o que fazer. Não quero que o sol apareça, o cinza do céu combina tanto comigo...

Meu sonho



Eu nunca o toquei. Eu nunca senti o cheiro da pele dele. Nunca pude sentir o arrepio ao ter meus olhos colados nos dele por mais de três segundos. Nunca me vi no espelho brilhoso daqueles olhos quase verdes. Nunca tive o privilégio de conhecer o sabor de um beijo dele, a textura da pele de suas mãos. Nunca senti o calor de um abraço, nunca acordei com ele do meu lado. 

Nossas vidas são baseadas no "nunca", mas esse "nunca" vai ser deixado para trás. Então poderei dizer que conheço o cheiro dele, o toque, os olhares, que me vi nos olhos dele, que me arrepiei na primeira vez que nossos olhos se encontraram. Que o beijo dele é um encanto e a pele dele, ao entrar em contato com a minha, dispara meu coração. Que um dia acordei do lado dele e me aqueci no seu abraço.

Sonho com isso como sonho com o dia em que ele vai me ligar e o diálogo vai ser assim:


- Está tudo certo, tudo pronto, te esperando. 
- Hum. - direi eu, incrédula.
- Faz as malas que estou indo te buscar, te roubar para viver pra sempre comigo.
- Jura??? - direi eu, mais incrédula ainda.
- Quero que seja minha mulher, que seja dona da minha casa, cuide de mim e do nosso lar, me espere todos os dias perfumada e cheia de carinho para me dar.
- Nossa! - ainda incrédula, mas muito surpresa e feliz e encantada.
- Em compensação, a paz que eu sei que você sempre procurou, finalmente você terá. Poderá ficar tranquila, para o resto da sua vida.
- Como assim?
- Eu cuidarei de tudo e você só terá que cuidar de nós.

Depois desta ligação, em 24 horas eu estaria há 1000 km daqui e para sempre colada na felicidade,
que hoje tem nome e sobrenome...
 

segunda-feira, 2 de setembro de 2013

E aí?



Você tem plena confiança de que está muito bem sozinha, com o coração vazio, "antes só do que mal acompanhada", até que para e pensa, pensa de novo, pensa mais um pouco, pensa no trem, caminhando na rua, vendo um filme, conversando com amigos e admite, com a maior sinceridade do mundo, que está na hora de ter alguém. Admite, sem medo, que está carente sim, que está precisando de carinho, companhia, parceria ou no mínimo de alguém para te dar um pouco de adrenalina, movimentar um pouco seu mundo que virou em livros, filmes, trabalho e cama, todos os dias. Se olha no espelho e, com coragem, admite que um cara nesse momento de sua vida ia lhe fazer muito bem. Admite, mas não procura, como diz a velha frase: fica esperando o inesperado acontecer. E daí ele acontece, num encontro arranjado, num sábado quente em que você hesitou e quase desistiu de ir, por puro medo. O inesperado não era exatamente o teu tipo, tem alguns defeitos repugnantes, mas consertáveis e você resolve arriscar, pelo menos num primeiro momento. E arrisca, e se entrega, sem pensar e quando se dá por conta está encantada com uma pessoa que é totalmente o oposto de você. Resolve viver tudo, curtir tudo, conhecer o máximo possível, sente-se suspirando sem perceber, coração acelera e a pele arrepia. Mas o fim de semana acaba. Você volta pra casa com a cabeça em frangalhos, totalmente desestabilizada. O medo começa a dizer que é muito arriscado se envolver com alguém, porque pode sofrer de novo e aquele diabinho fica gritando no seu ouvido "arrisca, arrisca". Está feita a merda: você mesma criou uma encruzilhada em sua vida e agora não sabe o que fazer, está instaurado o dilema e coloca-se aí não só o medo de si mesma sofrer, mas também o medo de fazer outra pessoa sofrer, porque a vida cobra quando a gente faz isso. E aí dá saudade dos dias vazios e sem graça em que você não pensava em ninguém, não queria ninguém e nem seu corpo, desacostumado com carinho, lhe exigia feroz por atenção do sexo oposto. Alguém aponta aí uma solução?