segunda-feira, 26 de março de 2012

O infiel



Então faça-me um favor: pega esse teu maridinho safado, que banca o intelectual e faz cara de respeitado
mas que ao fim do expediente vem censurar a minha saia,
invadindo meu decote e minhas coxas, como se eu fosse um objeto à disposição dele.
Eu não tenho nada a ver com a tua vida de casada, péssima por sinal, não tenho nada a ver se ele não te deseja mais,
e se em meu corpo alvo como de uma ninfa ele encontra a verdadeira satisfação.
Eu sou solteira, ele é casado - então - quem realmente está cometendo um erro? 
Não venha descontar em mim as tuas frustrações de esposa que não tem mais a atenção do marido,
sou só uma garota livre e solta, como uma pipa louca que arrebentou e se perdeu no céu...
Eu não fiz nada de errado, sempre fui assim e não tenho culpa se meu uniforme é curto e fez com que ele perdesse a cabeça.
Ele sempre foi infiel, você que nunca quis ver, agora não venha querer bancar a mulher traída,
me chamando de "vadiazinha", ladra de maridos! 
O problema da tua vida foi ter deixado ele escapar das tuas mãos, mas não te culpo, pois não é fácil
prender a atenção de um homem durante muito tempo...
Eu fui só mais uma, não posso fazer nada se é ele que anda louco correndo atrás de mim,
me telefona de 5 em 5 minutos, se oferece para me levar em casa e se eu convidar, ele entre e fica.
Desconta nele a tua raiva, ou melhor, finge que nada aconteceu e tolere os instintos masculinos dele.
Quanto mais louca você ficar, mais para os meus braços ele vai correr!



O Manipulador e seu fantoche




E foi então que ele conheceu "ela", aquela que o nome termina com 3 letras: "E-L-A". 
"Ela" tem exatamente 10 anos a mais do que a idade que eu tinha quando conheci ele.
Sempre pensei: ele fez o que fez comigo porque eu era muito novinha, bobinha, não sabia nada da vida.
Eu era ingênua, dotada de pureza, romântica e acreditava fielmente que ele era o príncipe encantado.
"Ela" é vivida, já teve sei lá quantos homens antes dele, é experiente e eu poderia esperar que, por conta disso, fosse mais esperta do que eu era quando o conheci.
Mas não, a boba está caindo nas mesmas trovas que eu caí. Acreditando nas mesmas promessas, achando todas as flores que ele a presenteia as mais lindas do mundo, pensando que ele é o último romântico da face da Terra. 
O pior de tudo isso é ver toda a história se repetindo, as mesmas declarações de amor, as mesmas palavras, as mesmas juras, as mesmas músicas, a mesma atitude: manipulação.
O cara é mestre na arte de enganar, tem uma lábia que derruba do palanque qualquer político, que convence até a dita "mais esperta" de todas as suas "boas intenções". O típico lobo, vestido de cordeiro.
Ele não passa de um ser feito da mais completa insatisfação, inconstância, ele nunca sabe ao certo 
o que ele quer. Não é um cara centrado, um cara de família, com princípios - o único verdadeiro objetivo dele é ser rico, muito rico. É frio, calculista, extremamente egoísta, trata as pessoas como seus brinquedinhos - que depois perdem a graça e ele joga fora.
Na realidade, não passa de um coitado, sempre infeliz e descontente. Nada está à altura do que ele quer. Nada o satisfaz completamente. Ele ri das desgraças alheias. Só não enxerga o tamanho do vazio que tem dentro dele mesmo.
O final desta história eu já sei, é uma tragédia anunciada.
Um belo dia ele vai chegar em casa e dizer, friamente, que gosta dela, que a "admira", que ela é uma mulher "espetacular" mas que não sente mais por ela algo que mantenha o relacionamento: sente apenas amizade.
A partir daí ele vai tocar sua vida vazia que só encontra conforto em um copo de cerveja, ou melhor, 
em muitos e muitos copos de cerveja. 
Em pouco tempo não vai sentir outra coisa a não ser pena dela 
e como ele mesmo diz: ela é só mais uma vítima.
Ela, ao contrário, vai chorar, se despedaçar, vai se culpar: como ela pode perder um homem tão romântico e atencioso? Onde foi que ela errou? Vai se sentir um nada, que não era digna do amor dele, que ele merece uma mulher melhor que ela. Vai ver sua auto-estima virada em cacos espalhados pelo chão.
E no final das contas, quando a poeira baixar, 
no fundo ela vai demorar anos para entender que não cometeu um erro sequer, a não ser ter acreditado nas mentiras dele.


terça-feira, 20 de março de 2012

Renove-se!

Então eu abro os braços para um novo amanhã, empunho a caneta e decido reescrever minha história, deixando para trás tudo aquilo que um dia me fez mal, me fez chorar, me machucou, entristeceu. Todo e qualquer plano de vingança deixo atrás da porta e me renovo, como uma serpente que toca de pele. Encho-me de uma alegria que não pode ser descrita a não ser com a palavra "divina", ou seja, uma alegria que de tão perfeita só pode ter vindo diretamente das mãos do criador. Esperanças renovadas, saio de casa com a convicção de que desta vez vai dar certo. Arranco as páginas tristes do diário, excluo tudo que não me cause alegria e neste processo de limpeza acaba indo para o ralo muitas pessoas também. Invejosas, pessimistas, negativas, fofoqueiras, mal amadas...enfim, tudo e todos que realmente não queiram embarcar na minha onda e que tenham a intenção de me fazer desistir. As vezes acredito no amor verdadeiro, mas pela dificuldade em encontrá-lo acabo até mesmo duvidando dessa possível existência. As vezes acredito no destino pois existem coisas que acontecem com a gente tão difíceis de explicar racionalmente e como sendo pura sorte ou mero acaso. 
Daqui a pouco mudo e acho que não existe destino coisa nenhuma, pois nossa história e o futuro somos nós mesmos que escrevemos ao escolher o caminho do bem ou do mal. Enfrento a vida com a certeza de que nada é certo, nada é para sempre, amigos verdadeiros são poucos (e bons) e permanecem, a família será sempre a nossa base e prioridade e tudo acontece com muito esforço e um tanto de sorte. Quem não chora não mama, quem não tem boca NÃO VAI A ROMA, Deus ajuda quem cedo madruga (e quem acorda tarde também), e como diria meu avô: "seja humilde e paciente com seus chefes pois manda quem pode e obedece quem precisa" e claro, "nunca deixe de estudar porque o saber não ocupa espaço". E se nada disso der certo, se daqui a pouco o fracasso bater à minha porta e eu bater de frente com o fundo do poço, essa mesma alegria divina se transformará em força, para que eu me renove mais uma vez. 
E outra, e outra, e outra e quantas forem necessárias.

sábado, 17 de março de 2012

O que te falta



Quase dois anos se passaram da última vez que te vi pessoalmente. Quase dois anos que não conversamos frente a frente. Não sei se você está realmente bem, se está realmente feliz e realizado, se voltou a estudar, se está gostando realmente de outro alguém ou se às vezes ainda sonha comigo. Nada mais sei sobre você, além do que sobrou. Não te reconheço mais, além das lembranças que tenho guardadas aqui. Recentemente vi umas fotos suas, o corte de cabelo ainda é o mesmo, o físico, o estilo de roupas. Mas tinha algo diferente, eu sei que tinha, porém, como eu poderia explicar? Era algo no seu olhar castanho, como se faltasse algo por dentro de você. Era o formato dos traços do seu sorriso, como se tivesse perdido um pedaço de você… Então lembrei: talvez o que faltava, era o pedaço de você que eu trago comigo e não consegui te devolver.

sexta-feira, 16 de março de 2012

O sim


Ela vestiu as luvas lentamente, delicada como sempre. O vestido branco, alvo como sua pele, estampava a beleza de seus olhos castanhos. O grande dia chegara. Ela ia se casar, pois acreditava no amor. Tantos meses organizando a cerimônia mais importante da vida dela... Enquanto ela terminava os últimos detalhes, o noivo, amor da vida dela, já a aguardava no altar, ansioso e trêmulo, como qualquer homem que ama e que está convicto de que quer passar o resto da vida com aquela mulher. Ela estava pronta. Na porta da igreja, um suspiro profundo na tentativa de acalmar sua pulsação. De braço com seu pai, a ver a porta abrir, buscou o olhar do seu amor. Um sorriso lindo brotara no rosto dele assim que seus olhos se encontraram. Depois do “sim”, alianças trocadas e o beijo que selara a união, foram declarados marido e mulher. Daquele instante em diante era uma nova família. A vida começaria de novo, desta vez juntos, para buscarem a realização de seus sonhos. O sorriso só demonstrava o quanto aquela tinha sido a decisão mais certa de suas vidas.

sexta-feira, 9 de março de 2012

O que tem por trás da máscara?




Ouça meu grito. Ouça meu silêncio. Me leia. Me interprete. Não pisque. Não desista. Não me siga. Eu também não sei pra onde vou. Mas vem comigo. Pra qualquer lugar. Pra onde quer que for. Mesmo que seja no mais vazio dos desertos. Segure minha mão. Não me deixe desistir. Se importe comigo. Eu estou viva? Ou sou um zumbi vagando, que não sabe pra onde ir? Ou morri e não percebi? Toque minha pele, eu preciso sentir que estou aqui. Que você está aqui. Que o sonho não acabou. Só quero saber pra onde vou. O que faço agora? O show acabou? Eu não quero ser mais uma na multidão. Pare. Me espere. Me leve com você. Olhe pra mim. Eu ainda estou aqui. Não vá sem mim. Quero ficar com você. Agora. Agora. E morar naquela casa laranja que sonhamos comprar um dia.

Restos




"Eu era um pedaço teu.
Eu e tu éramos um.
Dois seres que juntos, chegaram à perfeição.
Juntos, provamos um pedaço de céu.
Vivemos um sonho talvez...
Mas foi muito real. E bom.
E doce de recordar...
E quem um dia provou a plenitude,
a felicidade sem aspas ou asteriscos,
quem esteve no céu, agora cai ao inferno.
Uma despedida nunca definitiva,
num vai e vem como as ondas
que beijam a areia.
Dois seres para sempre incompletos,
imperfeitos, instáveis, indecisos, "in" tudo.
Na partida, apenas uma certeza:
o vazio que em ti ficou, tem a minha forma.
E o coração que pulsa no teu peito,
é o meu".

- By Bruna Leão Brum.

quarta-feira, 7 de março de 2012

Rafael, um amor fugaz.



Ela colocou a saia mais curta que tinha no guarda-roupas. Nos olhos, a maquiagem mais escura e nos lábios o vermelho mais vivo. No decote, mostrava o que podia e não devia. Na cabeça, nenhuma culpa. Enquanto terminava de fechar o zíper da bota, mais um gole de whisky pra esquentar. Pra se soltar. Desceu as escadas em silêncio, embarcou no táxi, rumo à qualquer lugar que tivesse um cigarro, uma bebida forte, música alta e gente. Entrou na festa como um cão sem dono, sozinha, ela e ela. Puxou um banco e sentou na copa, de onde não saiu a noite inteira. Ela só queria aliviar a cabeça e o coração, ganhar umas cantadas e de repente ficar com alguém que conseguisse arrancar um sorriso dos lábios dela. Foi quando ele se aproximou. Olhos claros tanto quanto seus cabelos. Os lábios pareciam ser desenhados pelo próprio punho divino. Um olhar melancólico que a comoveu. Dois seres solitários que naquela noite uniriam suas solidões. O beijo só confirmou o que a química dos corpos já anunciava. Em pouco tempo ela acordou na cama dele. O amor mais perfeito. A síntese de todos os desejos. O alívio para as dores que ela sentia. O refúgio de seu mundo sombrio. Eles se olhavam e tinham a verdadeira certeza de que já se conheciam, talvez de outra vida. E quando a tarde foi chegando ao fim, cada um voltou para suas vidas vazias e nunca mais se encontraram. Ela tinha a certeza de que tinha quer ser assim pra ser perfeito. 

Nada importava...



Na volta pra casa, o salto quebrado, coração despedaçado, cérebro embriagado. Parou numa esquina pra acender um cigarro, que o fumou lentamente e com tanto prazer que morreria feliz, se morresse naquele momento. A boca borrada por ter beijado um cara qualquer em meio às músicas frenéticas. Maquiagem desfeita e por traz daquele rosto lindo, a verdadeira imagem da mais pura tristeza. Quando o amor vai embora, a primeira coisa que se consegue fazer é se autodestruir, numa culpa sem tamanho. Depois de uma grande decepção, pouco importava quem ela era, quais os sonhos dela, o que ela realmente queria. Pouco importava que boca beijaria, que mãos percorreriam seu corpo e em que cama acordaria. Pouco importava se ela estava bebendo todos os dias, fumando muito além do que estava acostumada, optando pelos venenos mais fortes e pela maneira mais arriscada de viver. Na verdade, nada mais importava já que ela não tinha mais aquele que realmente importava. 

A espera

O tic-tac no relógio me lembra que já é madrugada e eu ainda estou aqui. O cinzeiro jorrando cinzas pra fora: lá se foram 2 carteiras de cigarro e uns 20 anos a mais no meu rosto. A vodka, morna, pois o gelo já derreteu. No rádio uma música qualquer, uma roupa qualquer, celular desligado e eu desligada do mundo. Da janela do 15º andar observo a vida dos outros, que segue monótona, mas pelo menos segue. Já faz 3 dias que não saio pra fora. E a última pessoa que esteve aqui foi a faxineira, que eu dispensei, já que a sujeira do apartamento não me incomoda, posto que o lixo maior está dentro de mim. Você cruzou aquela porta para nunca mais voltar , como se todo esse tempo juntos nada significasse. Não entendo como uma pessoa trata com tanto descaso o sentimento de outra. E eu fiquei aqui, parada, olhando para a porta na vã esperança de que você entrasse por ela de novo e me enchesse do teu amor, me enchesse de ti, me incluindo nos teus planos, teu dia-a-dia, teu futuro. Mas a porta não abriu. E eu não consigo mais parar de esperar.


sexta-feira, 2 de março de 2012

Ele, RALR.


E como que num passe de mágica você apareceu. Com a voz suave como a de um anjo, o sorriso mais lindo e claro do mundo. O corpo magro, mas forte. A amizade, o carinho e a compreensão tão verdadeira...
Você desperta meu lado mais curioso. Um mix de desejo e desejo de cuidar de você. Você desperta a leoa que há em mim e paradoxalmente o meu lado mais maternal. Posso ser sua melhor amiga, daquelas que vai ficar conversando com você uma noite inteira, parceria, pra tudo, T-U-D-O.
Daquelas que vai te ajudar a limpar teu apartamento, que vai rachar uma pizza, um litro de vodka, uma noite solitária. Que vai ouvir você tocar e achar todas as músicas e caras e bocas as mais lindas do mundo. Vai dividir com você as coisas boas e ruins, vai dividir a cama, o corpo, o fôlego; o ombro e o riso, as alegrias e rancores: as mágoas cotidianas. Uma adorável cúmplice para aproveitar tudo que é imoral, ilegal ou engorde. Falei até em escrever uma crônica sobre você e roubar uma foto sua pra estampar e simbolizar tudo que tenho dito. Eis aqui a fonte das minhas inspirações em uma noite vazia, mas que tinha tudo para ser perfeita, se eu tivesse você aqui. 
Love you, RALR.