segunda-feira, 23 de janeiro de 2017

Sem resposta

Qual o sentido da vida? Busco me encontrar, achar o meu lugar, a minha missão e só me perco dentro de mim mesma, entro em labirintos que me levam a caminhos tortuosos, e eu grito, mesmo em silêncio, e respondo que está tudo bem enquanto meus olhos clamam por ajuda, mas ninguém sabe decifrar... e então eu sigo caminhando, engulo a dor e as perguntas sem respostas, esboço sorrisos amarelos e visto a fantasia de que sou uma pessoa normal. Mas lá dentro eu só queria um bar, tocando rock pesado, bebidas fortes e um som tão alto a ponto de abafar meus gritos, porque eu nunca quis tanto gritar na minha vida como agora... me deem todos os cigarros do mundo, drogas leves até as mais fortes, qualquer coisa que acalme minha mente inquieta e sedenta por respostas, sedenta por experiências que me façam transcender a mim mesma, tocar o sobrenatural, entender o porquê de tudo! Eu só quero me entender, compreender a razão das coisas serem como são, o porquê de eu estar aqui, nesta era, neste tempo, nesta vida... estou cansada de tentar me encontrar e só me perder... cansada de tanta falsidade, de pessoas que dizem estar do teu lado e não te oferecem cinco minutos de seu tempo, cansada de pessoas que se julgam detentoras da verdade e que sempre pensam ter razão em tudo! Estou farta de tudo, da minha vida, da minha busca, dos desencontros, da rotina, da escravidão em nome da sobrevivência, eu quero ser livre! Eu quero respirar, eu preciso de ar! Preciso de vida!

segunda-feira, 16 de janeiro de 2017

Breu



Minha alma está morta. Não reajo à mais nada, embora meu corpo continue respirando e meu coração batendo, mecanicamente, sem sentido algum. Estou cansada de lutar contra a depressão: nessa queda de braço eu sempre perco. Então, chega de mostrar ao mundo que está tudo bem, enquanto lá dentro está tudo sujo, bagunçado e pixado. Todos me perguntam se está tudo bem, respondo "mais ou menos" e então perguntam de novo "o que houve?" e eu digo "nada, e este é justamente o problema". Eu tenho todos os motivos pra sorrir, segundo o senso comum. Tenho casa, trabalho, faculdade gratuita, família, amigos (esses não tenho mais certeza de que ainda estão lá). Talvez realmente eu tenha muito, talvez eu tenha realmente a vida que muitos gostariam de ter. Mas a depressão é isso, mesmo tendo uma vida quase perfeita, você não consegue ser grato, não consegue ser feliz com isso, pois não é o suficiente. E se me perguntarem o que falta, o que eu queria, não sei dizer. Depressão é estar infeliz o tempo todo, mesmo tendo tudo, e não saber dizer o que te faria feliz, ou o que faria você se sentir melhor. Me sentiria mais confortável se eu estivesse completamente sozinha, no meio do nada, tendo por companhia apenas livros, animais e a natureza... talvez assim eu conseguisse resgatar a minha vontade de viver. O fundo do mar é tão escuro...

quinta-feira, 12 de janeiro de 2017

Banalidades

Os anos passaram sem que eu pudesse controlar a torrente de acontecimentos que me trouxeram até aqui. A vida foi fluindo feito rio durante uma tempestade e eu fui tentando me acomodar em meio a correnteza, que passou rápido demais, mal pude observar a paisagem e agora aqui estou: saindo da casa dos vinte anos para entrar nos trinta. A maturidade nos fazer perder a paciência para muitas coisas, inclusive para pessoas e relações complicadas. Adultos, perdemos o tato para a sensibilidade alheia e nos tornamos práticos demais, querendo resolver as coisas rápido para podermos descansar na frente da TV e dormir em paz. Dez anos atrás era totalmente abominável ficar em casa em um sábado a noite assistindo TV, agora é o paraíso. A jovialidade deu espaço à responsabilidades infinitas! Não podemos perder a hora, não podemos faltar ao trabalho, nossos recursos são limitados para aproveitarmos a vida como deveríamos aproveitar. Não se vive plenamente, é um corre-corre em meio a correnteza... Quando percebo que tudo está mecânico demais, observo a paisagem da janela do trem. Abro a janela para a luz da lua entrar enquanto penso: o que me fez estar aqui, neste lugar, nesta vida, nesta casa, nesta família, neste relacionamento, neste trabalho? E essas são perguntas sem respostas, apenas me abro para que o Universo me ensine o que preciso aprender para evoluir. Me entristeço enquanto tento achar sentido para tantas coisas... e maioria delas não tem. Então, procuro encontrar a felicidade nas pequenas coisas: livros, filmes, momentos com quem eu amo, surpresas agradáveis e banais do dia a dia. Não sei se a vida pode ser mais do que isso.