terça-feira, 12 de fevereiro de 2013

Mais um palhaço no seu carnaval - Parte 2




Eu quero entrar o mais fundo que eu puder dentro do mar e de lá gritarei todas as minhas dores, desamores, rancores, temores e mato, assim, esta maldita solidão. Enquanto as derrotas se acumulam feito entulhos no chão da minha sala, nado entre as ondas sem saber de onde veio, para onde voltou e por que meus olhos não saem do céu. Me deixe aqui, esfriando cada vez mais minha pele, torcendo para cansar de nadar enquanto ninguém vê. O sal da água se mistura com as lágrimas e faz muito tempo que não tenho o que dizer. Esgotaram-se as palavras, as reflexões, só estou repetindo o de sempre. Não me deixe falando sozinha, temos que terminar aquela conversa marcada há 40 dias, como no intervalo entre o carnaval e a páscoa. O tempo passou depressa, mas aqui dentro pareceu muito devagar. Dizia saber, mas não sabe aonde quer chegar. O som do bar repete a mesma música, as doses foram se acumulando no meu sangue porque eu joguei minhas fichas à muito tempo atrás. Perdi a aposta, fui trocada por outra e por outra. Começo a duvidar da minha capacidade feminina, sempre perco para alguém bem pior que eu. Essa minha pose de boa moça, de menina compreensiva, tem me rendido frutos amargos para mim e doces para eles, as flores que recebi estavam mortas. Aquele solo de guitarra ao fundo, o ponteiro da velocidade marcando 180 Km/h, os olhos negros e enigmáticos, a mão na mão, eu não vou esquecer. Seria mais fácil arrancar em sã consciência cada um dos meus órgãos. Foi rápido demais, mas tomou uma proporção enorme. Eu ainda estou aqui, não soube sair por aquela porta e dizer que não mais voltaria, não tive forças para mandar ele sumir, muito menos para falar toda verdade, eu só sei fazer cerimônia, agir como se nada tivesse acontecido, fingir e a quem eu quero enganar? O cigarro acabou, o rei tá sem coroa, o troféu foi atoa, o carnaval acabou. O jantar estragou, a sobremesa mofou, a vela apagou, a flor murchou, tudo ficou te esperando enquanto tu curtia e sorria com outra companhia. E eu aqui. Mais um palhaço no seu carnaval.

Nenhum comentário:

Postar um comentário