sábado, 10 de janeiro de 2015

A abertura da porta de um caminho louco

Eu me lembro claramente da primeira vez que meus olhos encontram os teus, tão enigmáticos a ponto de despertar em mim uma curiosidade jamais vista sobre a face da terra. Eu me lembro claramente daquele empatia imediata, do sorriso fácil e da atração quem nem era nossa ainda, mas de nossos corpos. Lembro de ter te perdido de vista, de seguir minha noite normalmente até esbarrar em você de novo e, se a vida nos deu essa segunda chance, então não poderíamos desperdiçar. E simplesmente resolvemos não mais resistir àquela atração natural e que parecia fugaz, permitindo que nossos lábios se encostassem pela primeira vez, sem saber a porta de um caminho louco que estávamos abrindo naquele momento. Sabe aquelas cenas de filme em que o cenário fica embaçado e só o casal aparece com nitidez? Então. É assim que nos vejo, naquele primeiro beijo, há anos atrás e luto para não esquecer os detalhes, eu não quero esquecer. Você foi a coisa mais louca que me aconteceu, um sentimento totalmente indefinido, tão enigmático quanto aqueles teus olhos, atrás de lentes e ainda assim encantadores.

segunda-feira, 5 de janeiro de 2015

Ainda... Anabela

Anabela, tão bela, acende mais um cigarro e o traga vagarosamente enquanto observa as unhas vermelhas meticulosamente pintadas na noite anterior. Não contente com a nicotina, abre a geladeira e serve uma dose de um uísque barato, que foi o que deu para comprar. Duas pedras de gelo, naquele ritual de reflexão que ela faz, embora odeie pensar sobre seus dias, sua rotina e reze para esquecer a cara escrota de alguns clientes. Seu corpo exala um odor fétido de sexo, a cama implora para que os lençóis sejam trocados. Naquele dia foram 7 clientes, o negócio estava crescendo e ela nem lembrava mais o gosto de um beijo apaixonado. Anabela, embora fosse uma puta, quando vista na rua ninguém diria que ela tinha essa profissão. Ela era graciosa, corpo delicado, pele branca e bochechas rosadas. Usava vestidos soltinhos, com estampa de flores do campo e um relicário, que só Deus sabia o rosto que continha lá dentro. Ela cheirava à essas mesmas flores que estampavam seu vestido e diziam que ela tinha ares de boneca. Mas quando a noite caía, a moça delicada ficava dentro do guarda roupas. Encarnava o personagem que lhe garantia o sustento: roupas curtas e coladas, batom vermelho e decote avançado.

Ano Novo

E mais um ano começa. Acho que dividiram o tempo desta forma porque sabiam exatamente quando estamos cansados. Dividiram o tempo para que tivéssemos um estímulo para renovar nossas esperanças, para nos auto propor mudanças, para ganharmos um empurrão a fim de tomarmos uma decisão que fora sempre adiada, para traçarmos metas. Ainda assim, há os pessimistas que dizem "vai começar tudo de novo" como se isso não fosse uma dádiva. Começar de novo, ter essa chance, é privilégio para poucos. Dividir o tempo, para mim, foi algo genial. Que em 2015 eu viva menos dentro do meu mundo imaginário, porque a realidade vai ser bem melhor. Que eu me permita sonhar mais e sonhar alto pois para isso não há limites. Que eu possa sorrir dos erros que cometi, ciente de que muitos ainda serão cometidos. Que eu possa me conhecer mais, me fazer ouvida, que meus sentimentos sejam relevantes. Que meus méritos sejam reconhecidos pelas minhas capacidades. Que eu possa acordar todos os dias desse ano, com a consciência limpa e pronta para trilhar os caminhos que eu escolher.

Estou pronta. Pode vir 2015.