quarta-feira, 7 de novembro de 2018

O término

Jogou o toco de cigarro pela janela em que estava escorada, enquanto pensava e achava estranho perder alguém que nunca foi dela. O relacionamento (se é que podemos chamar assim) sempre foi de pegação, provocação, um envolvimento totalmente carnal misturado com momentos de carinho. Era uma relação tão frágil que ela nunca conseguiu denominar. Serviu uma dose de um uísque barato, colocou uma música pra tocar, talvez uma canção cujo disco está arranhado de tanto uso. Lembrou das mil histórias já vividas, todas as loucuras cometidas quando a juventude atiçava seus hormônios, estes que a fizeram cair nos braços dele e ambos experimentaram ótimas sensações juntos, algumas inesquecíveis. Brigaram diversas vezes, a espontaneidade dela o irritava, sem contar a língua afiada: ela sempre falava demais. Enfrentaram diversos afastamentos longos, frequentemente motivados pelo melindroso ego dele, mas sempre algo os reaproximava. Talvez o desejo. E um belo dia, tudo acaba, de uma forma lamentável. E o término a fez perceber tudo que ela precisava para virar a página e seguir em frente, super "de boas". Consciente de que cada ser humano é livre, jogou o disco fora e acendeu mais um cigarro na janela, ciente de que ninguém entra na vida de alguém por acaso e as lições aprendidas ficarão guardadas para sempre.

Pensamentos soltos

Vontade insana de viver loucamente, descumprindo as regras impostas por uma sociedade medíocre, em que precisamos suportar pessoas porque precisamos delas, se submeter aos desmandos de seres perversos, cumprir mil tarefas, mil burocracias... e tantas outras merdas  inumeráveis à que somos submetidos diariamente em nome da moral e dos bons costumes, engolindo sapos e bois! E nunca poder perder a cabeça!! Porque tu precisa ser correto, corajoso, trabalhador, etc e etc, mas tudo isso é um saco! Ai que inferno é viver em sociedade! Ao mesmo tempo em que eu quero todos os confortos que o dinheiro pode comprar, uma vida simples, sozinha, no meio do nada, só cuidando de mim... Seria tão incrível! Às vezes queria ter coragem pra chutar o balde e surtar, morar na rua, lutar por grana só pra comida, bebida ou drogas... Viver no mundo da lua, sem se preocupar com casa, trabalho, família, contas pra pagar, a situação do país, metas para o futuro, desejos, sonhos... Simplesmente FODA-SE o mundo e toda sua decadência exponencial! Qual a força que nos mantém sob esse jugo? É o amor. Tivemos a sorte de nascer em lares saudáveis. Aprendemos desde pequenos que temos responsabilidades, que a vida é assim mesmo. Somos fortes por aguentar toda essa pressão. E aqueles que chutam tudo para o alto, é porque muitos deles nunca tiveram um lar como nós tivemos. Eles não têm referências, não aprenderam a amar e serem amados, não tiveram quem lutasse por eles e, infelizmente, aprenderam a sobreviver na rua. E são fortes e corajosos por isso. Essas palavras são meras reflexões, "pensamentos soltos traduzidos em palavras".

quarta-feira, 29 de agosto de 2018

Apenas Sim

Sim. Pra você será sempre sim! Mesmo que hoje nossas vidas sigam por caminhos tão diferentes, mesmo que você nunca lembre de mim e do que nós fomos, dos lindos momentos que passamos juntos, eu sigo aqui, sigo, mas não sem continuar amando cada segundo que vivi ao seu lado, não sem amar para sempre o homem que você era, e era meu. Deixei de lutar contra esse amor infinito, deixei de tentar esquecer você e nem haveria como.


Você foi um divisor de águas na minha vida. Encontrou em mim uma menina, doce e tão sonhadora, que viu em você o príncipe encantado, papel que você cumpriu muito bem durante muitos dias... A menina em seu braços se tornou mulher, e almejou buscar a felicidade ao seu lado. Mas por um acaso do destino, ou um plano divino de amadurecimento e evolução, você desistiu de nós. Demorou muito tempo, mas eu também desisti de sonhar com um "nós", isso é irrecuperável!


Ainda que, dadas as circunstâncias, a possibilidade de que eu olhe em seus olhos novamente seja mínima, lá no fundo de uma gaveta pequena do sótão do meu coração, existe sim uma pequena chama de esperança de que um dia eu tenha oportunidade de buscar em seus olhos um pouco daquele homem que eu amei e amo. Sim, amo. Morrerei amando, e eu aceito isso. A possibilidade de esquecer tudo que você significou é nula.

Os que ficaram pelo caminho

Tem gente que chega na nossa vida e é pura alegria, traz luz e vigor aos nossos dias, vivemos momentos incríveis com elas, mas um belo dia elas simplesmente partem. Seja uma amizade ou um amor, tem gente que é só passageiro no nosso caminho. Tem os que partem porque a vida simplesmente os afastou e hoje vocês tem apenas uma amizade no Facebook, não se falam mais e no máximo curtem uma postagem um do outro. Tem aqueles que partem para a espiritualidade e deixam uma saudade sem fim. E também os que vão embora porque querem ir, como se algo se rompesse. E por tantos outros motivos, todos nós deixamos pessoas pelo caminho porque muitas vezes elas só seguem caminhos diferentes de nós, muitas vezes desentendimentos acontecem e não necessariamente deixamos de gostar dos que partem. Nutro um carinho profundo e um desejo que todos aqueles que ficaram pelo caminho sejam felizes. E que a lei Universal nunca falhe: que cada um colha aquilo que planta. Tudo isso faz parte da vida, quanto antes aceitarmos melhor vai ser.

E
entre aqueles que vão e vem, existem os que escolhem ficar (ainda bem). As amizades que significam tanto a ponto de duas ou mais pessoas ajeitarem a agenda, abrirem mão do conforto de estar em casa e escolherem estar juntas. Os amigos que mesmo sem se ver há anos, a cada reencontro é como se tivessem se visto ontem. Tem aqueles que não conseguem se ver com a frequência que gostariam, mas nunca perdem o contato. Há os que nunca partem, que estão em nossas vidas porque beijam muito bem e a química é evidente, mesmo que não haja uma definição clara de que relação é essa. Há os amores que ficam anos presentes em nossas vidas e depois que partem, o laço é cortado e a gente nem lembra direito do que viveu, apaga as memórias. Há os amores que mesmo tendo partido contra a nossa vontade, mesmo com todas as turbulências vividas, nunca deixaram de ser lembrados. 

Consicentes de que nosso caminho é cheio de chegadas e partidas e que não há como prever quando e em que circunstâncias as pessoas vão partir, que sejamos capazes de viver o momento presente com intensidade, curtindo verdadeiramente todas as pessoas que estão na nossa vida agora, nos esforçando para manter aqueles que realmente importam sempre por perto. Amanhã tudo isso serão memórias.

Mantra

Sinta a batida da música
Permita que o corpo se movimente
Esvazie a mente
Faz de conta que o mundo lá fora não existe
Tudo que importa é o agora
E está tudo bem

quarta-feira, 28 de fevereiro de 2018

Não sonhe

Quando crianças, temos muitos sonhos, que vão até o infinito: eu quis ser aeromoça, médica, advogada, juíza, quis ser mãe, casar na igreja, ter uma casinha toda bonitinha. Depois me permiti ir mais além porque sonhar ainda não custava nada. Então comecei a sonhar em passar a vida conhecendo lugares novos, ouvindo todas as canções, frequentando todos os bares e provando todas as bebidas, comidas e quantas bocas quisesse beijar, porque eu nunca fui o tipo de pessoa que se preocupa com o que os outros vão pensar. Queria viver livremente pelo mundo, conhecendo pessoas e escrevendo sobre suas lutas, folheando livros em bibliotecas tão grandes que meus olhos seriam incapazes de enxarga-las na totalidade. Quis me conectar com o Universo, me sentir parte dele, aprender a meditar, a fazer viagens astrais, estar sempre em contato com a natureza porque só assim renovamos as energias e tomamos fôlego para continuar. Quis transcender a mim mesma mesmo que para isso fosse necessário recorrer a substâncias que nem sempre são lícitas e aí me pergunto: o que e quem define o que é ou não é lícito? Porque um remédio tarja preta, cigarro e bebida são liberados e outras coisas até bem menos nocivas não são? Foi então que meus lindos sonhos foram barrados pela dura realidade. Tudo que eu sonhei requer dinheiro e dinheiro não nasce em árvore, nem se consegue fácil. Então se não posso realizar meus sonhos, pra que sonhar? Hoje não planejo mais nada. E aquela ideia de que quando a gente fosse adulto saberia como resolver tudo e que teríamos vidas estáveis e confortáveis também não passou de ilusão. Tenho 31 anos e não sei o que eu quero da minha vida. Então, matem seus sonhos o quanto antes, pois a desilusão dói mais que a desesperança (que só te deixa apático na maior parte das vezes). E aí você vira um robô como todos os outros: acorda, trabalha, assiste TV, dorme de novo. Até faz uma ou outra coisa diferente, mas nada tão empolgante, nada que te faça sentir vivo, que dê a sensação de que a vida vale a pena. Na maioria do tempo você se preocupa com tudo, principalmente em ter dinheiro para o básico: ter o que comer e onde dormir. Então aguenta toneladas de pressões para não perder o emprego, não perder o casamento, não destruir relações com pessoas que você ama. Alguns ainda tem ânimo para estudar, querer aprender alguma coisa e de preferência até ganhar um dinheiro com isso. Mas no final do dia você só reza pra dormir bem. Pra que nada de inesperado aconteça. Reza pra que a morte não te arranque pedaços. Mas eu não disse antes que a gente vira robô? Sim, só não conseguimos nos livrar dos sentimentos ainda. 

quinta-feira, 11 de janeiro de 2018

Escondida do mundo em 2017

Então o mundo continua girando? Onde foi que me perdi? Esqueci o calendário, quase nem olho as horas, os dias estão todos iguais! E sim, o mundo continua girando enquanto eu sigo o curso no rio da vida, as vezes na superfície, as vezes submersa encarando o fundo onde tudo é escuro e nada faz sentido. Às vezes só com o nariz para fora da água, esperando alguém que me puxe para a superfície e tentando fugir daqueles que querem me afundar ainda mais... e outra vez eles conseguiram me enterrar na lama do fundo do rio... Fiquei presa em dias negros, dominados pela dor, culpa, arrependimento, falta de esperança, tão angustiada por estar presa e não saber o caminho para voltar à superfície e respirar, respirar, respirar. Fui obrigada a ter coragem e muita força para tomar o último fôlego e emergir, para buscar ajuda e sair do fundo foi um processo doloroso, mas eu consegui e aos poucos estou vindo à tona, com algumas mudanças dentro da minha cabeça que ainda não sei dizer se são boas ou ruins. Estou curtindo cada momento dentro da minha casa, curtindo o ciclo dormir, assistir filmes, descansar, tomar longos banhos, preparar refeições. Estou conseguindo esvaziar a minha mente com muita facilidade. Quando surge um pensamento ruim, que me cause tristeza ou ansiedade, simplesmente bloqueio e vou curtir um vídeo engraçado no youtube. Durmo bastante numa semana e bem menos na outra. Procrastinando muito! Não sei de nada, não quero pensar ou conversar sobre assuntos que me deixam nervosa, só quero curtir a minha paz.