terça-feira, 19 de fevereiro de 2013

Luto

Vou cortar o cabelo e voltar sua cor à escuridão que sempre foi. Essa semana as músicas melosas sumiram do meu computador. Fiz uma tatuagem, deixei o piercing mais vibrante e visível. Minhas roupas são todas pretas, meu all star sempre sujo. To abrindo mão do dourado, da ostentação, do jeito perua de ser, da elegância chique. O que é colorido será tingido de preto. Não quero ver o céu azul, só a noite negra. Chega de falar de amor, chega de tentar entender tudo, chega de tentar viver o absurdo, os contos de fadas, o irreal. Menos para o lado pisciana, mais para o lado capricorniana. Menos otimismo e muito pessimismo, mesmo que isso custe algumas amizades. Mais misticismo e menos ceticismo. Menos descrença e mais magia. Menos presenças fúteis e mais solidão. Fechei a porta para quem ultrapassou os limites da minha compreensão, joguei no lixo os abusadores, os sem caráter, os que não sabem o que querem. Estou preferindo ficar só, longe de tudo, do que na companhia de quem não se dá por inteiro. Se é para estar comigo, que seja verdadeiro. Se o mundo fechou as portas para mim, eu fecho a cara para ele. Sem riso solto, mais álcool, cigarro e comprimidos e menos vermelho, lascívia e sacanagem. Menos canções que falam de amor e mais rock em línguas que eu não entendo. Menos sedução e mais introspecção. Menos confiança e mais desconfiança. Não vou mais mostrar os dentes, chega de ser simpática com todo mundo, falar menos e ouvir mais, sou o luto por ter me perdido de quem eu era, por ter deixado meus sonhos e meus princípios jogados por aí. Sou o luto por ter me deixado enganar. Sou o luto pela inocência perdida, por terem me forçado a acreditar que o amor não existe. Sou o luto pela meu próprio assassinato. Sem destaque, sem holofotes, sem fama. Só mais uma alma que passa despercebida pelos dias, pelos lugares, que faz sempre a mesma coisa, sem querer ir além, sem sonhar com mais. E se amanhã não for nada disso, eu mudo de novo. Só que pra pior.

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