segunda-feira, 3 de setembro de 2012

Um pouco de platonismo

Como se aproximar sem ser vulgar? Como demonstrar meu interesse em conhecê-lo melhor sem parecer "atirada", desesperada, encalhada? Como falar da minha curiosidade sobre seus gostos, sonhos, defeitos, qualidades, manias sem deixar transparecer meu sonho romântico e utópico? Como te fazer entender minhas intencionalidades que existem mesmo sem nunca ter falado com você? E foi tudo isso que eu pensei depois de alguns dias cheios de reuniões e encontros inesperados nos eventos de trabalho em que eu o encontrei. Ele era exageradamente um cara dentro dos moldes do que eu queria, feito um manequim, um modelo, um exemplo do tipo de homem que eu estava procurando. Depois de ouvir suas colocações sempre tão filosóficas e teóricas nas capacitações de trabalho, eu me esforçava para compreender a profundidade das falas dele e me esforçava mais ainda para não me jogar naqueles braços fortes e lhe propor uma companhia para os mates que ele dizia serem tão solitários. Dentro da minha cabeça sonhei com manhãs juntos, jantares, abraços quentes e aconchegantes e imaginei que éramos duas peças de quebra-cabeça com um encaixe perfeito. Me permiti viver sob a teoria de Platão, aquela que diz que o amor, entre outras coisas, pode existir apenas no mundo das ideias, sem a menor intenção de se tornar real pois, ao sair do mundo das ideias para o mundo real, deixa de ser platônico, deixa de ser ideal e fica passível de todas as interferências ruins que podem acabar com tudo. Permitir-se viver um amor platônico é querer e compreender que aquele sentimento lindo nunca poderá ser real. E sentir-se completo e satisfeito com isso.

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