quinta-feira, 6 de setembro de 2012

Sem rumo

Fazer as malas, nelas tudo o que eu preciso, algumas bebidas, remédios e CD's, roupas quaisquer, um pouco de maquiagem, salto alto e pronto. Entro no carro e deixo a música me conduzir, não importa se eu trabalhei o dia inteiro, se não dormi direito à noite passada e meu corpo ainda dói de cansaço e stress. Não importa se a estrada está cheia de gente que só quer aliviar a cabeça assim como eu, não importa se o trânsito está lento, o tanque está cheio e dentro deste espaço eu tenho tudo que eu preciso: sair sem rumo, a música tocando, amigos me esperando se eu quiser encontrá-los, a noite fervendo e só querendo mais uma mulher sozinha e desgastada, pronta para se reenergizar. Nesta noite eu só quero o horizonte com um sol se pondo bem vermelho e logo depois uma lua cheia para iluminar e eu desligar os faróis para aproveitar a penumbra. Só quero desligar do mundo, esquecer a semana sempre tão cheia, a correira, o trem, o ônibus, o despertador, a hora do almoço, a volta pra casa, a TV, a desordem, o banho e a cama, tudo sempre na mesma ordem, tão rotineira. Quero dormir um pouco mais que o necessário, sentar na areia da praia e curtir as ondas quebrando lentamente, num vai-e-vem sem fim. Depois eu deixo a maré subir e água vem gelar meu corpo, fazer o sangue correr mais forte, sentir que ainda há vida aqui, que eu não sou uma máquina que só vende sua força de trabalho, não sou apenas um corpo que pode ser tocado por qualquer homem na ânsia de saciar um desejo momentâneo, eu não sou só esta pessoa séria do dia-a-dia, uma simples cidadã, que paga suas contas e tenta acreditar em dias melhores. Não! Preciso de um soco na cara, uma sacudida nessa vida para entender que há muito mais coisas aí fora pra serem vividas, esgotar minha saúde aproveitando ao máximo cada segundinho. Quero mais da vida. E quero agora! 

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