terça-feira, 25 de setembro de 2012

Uma palhaça no seu carnaval

Os dias inevitavelmente foram passando, o relógio não parou de andar, o sol não deixou de nascer e se pôr, veio chuva, lua cheia, lua nova, temporais. Vieram outros carnavais, natais, aniversários, trocaram o presidente, o governador, enchentes, secas, nascimentos e mortes. Bocas diferentes foram beijadas, rolaram transas com outras pessoas, muito álcool, novos amigos, novos lugares, brigas, acidentes de trânsito, formatura. A cada dia um passo para longe. O telefone tocou, você veio e se foi várias vezes, eu driblei tudo pra te ter de novo em todas as vezes que você quis, dei tudo de mim, cartas, palavras, voz trêmula, carinho. Num dia eu era tudo, era tua saída, a solução para os teus problemas, a mulher que você sempre amou, a mulher da sua vida, quem você quis esquecer e não conseguiu, o melhor beijo, o melhor sexo. No dia seguinte eu era apenas uma amiga, que nunca mais ficaríamos juntos, que um "nós dois" nunca mais aconteceria, que não teria volta, que eu não te procurasse mais, que aquela era a última vez que eu te veria. E o ritual se repetia: eu chorava, não te ligava, sentia ódio, caía na gandaia, bebia todas e achava que tinha te esquecido. Até virar a esquina e me dar de cara com você, vacilar em todas as minhas decisões e te aceitar de volta. E o ciclo nunca era cortado. Nunca foi cortado. Não importa se hoje uma longa distância nos separa, se eu quase esqueci teu telefone, se muitos dos nossos momentos foram apagados, todas as recordações colocadas no lixo, se faz meses que não nos falamos e nesse tempo todo você noivou, casou, mudou de vida, religião e hábitos. Quando eu vejo seu rosto nas fotos eu sei que você não é feliz, não está feliz. Falta um brilho no teu sorriso, uma luz que eu sempre vi brilhar nos teus olhos. Não importa se eu fui uma palhaça no seu carnaval, ainda conheço você, sonho com você, não faço cerimônia não. A quem você quer enganar? 
O tempo é passageiro e vai dobrar teus joelhos.

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