quinta-feira, 6 de setembro de 2012

Movimentos

São quatro anos. O tempo de uma faculdade inteira, o tempo para saber ler, escrever e fazer cálculos simples, até conhecer sobre estudos sociais e ciências. O tempo que uma criança leva aprender a falar, caminhar, sair das fraldas, correr, escrever o nome, ser mais independente. É o tempo que o país tem para se adaptar (ou não) à política do último presidente eleito. É o tempo que leva para uma copa do mundo acontecer de novo. Não são 4 dias, nem 4 horas. É muito tempo. O suficiente para conhecer alguém profundamente e neste movimento se decepcionar, saindo do encantamento inicial para o estranhamento do final, aquele sentimento de "quem é esta pessoa?". O sentimento sai de uma paixão tão linda para um fim desgastado, pois em 4 anos temos tempo mais que suficiente para não conseguir mais esconder quem realmente somos, nossos defeitos, medos, dependências, pendências. O tempo está para o amor assim como o fogo está para o vento: apaga os pequenos, inflama os grandes. Ou apaga os grandes também, pois a rotina é o pior dos males. O egoísmo exacerbado, a falta de sinceridade, o "não se abrir", não perdoar, não ouvir matam um relacionamento. Um sentimento. E quando vem a recusa corremos o risco de, por carência ao se ver sozinho, se humilhar para ter aquela relação de volta, uma relação que é doentia mas que ficamos tão acostumados com o pouco do amor que o consideramos melhor que o nada, a solidão, a insegurança, o vazio, o "não ter com quem planejar". Humilha-mo-nos. Imploramos. Mendigamos por amor. E o outro se sente tão bem com esta imploração que procura estender ao máximo seu tempo como "eu sou o bom". É quando então percebemos que estar só não é tão ruim. Mandar em seu próprio nariz é melhor do que ter que fazer o que não quer para agradar alguém. Ser obrigado a conviver apenas consigo mesmo assusta, aterroriza num primeiro momento mas o mesmo tempo que afasta duas pessoas e mata um sentimento, também mostra que somos fortes o suficiente para aprendermos a lidar com o fato de estarmos sozinhos. Não é preciso ser forte o tempo inteiro. Vez ou outra uma música vai tocar, encontraremos um bilhete, em sonho a gente se reencontra com aquela pessoa. Não é errado chorar, não é errado ligar e dizer que sentiu saudade naquele momento. O que não podemos é entregar o jogo, dar-se por vencido. Afinal, existem 7 bilhões de pessoas no mundo e aquele cara não é o último que você vai encontrar.

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