segunda-feira, 24 de setembro de 2012

Escrevo

As palavras nascem em mim feito pássaros em um ninho. Aos poucos vão furando a casca e saindo, e voam, para um lugar qualquer, para longe e perto, espalham-se feito boato em cidade pequena. Escrevo porque isto está em mim desde menina: sempre fui daquelas crianças que viviam com um lápis na mão, escrevendo divagações, palavras sem sentido, o meu próprio nome, ou uma palavra como "casamento" só porque era legal de escrever sem tirar o lápis do papel. Depois vieram os diários, questionários, poemas que eu copiava dos tantos livros que li, entre eles Cecília Meireles, Clarice Lispector, Mário Quintana, J. G. de Araújo Jorge, Lya Luft. Não sei ler sem escrever. Na minha bolsa não faltam batons, alguns cigarros e canetas. Falta dinheiro, maquiagem, esperanças mas não faltam materiais para escrever e um bom livro para ler. Escrevo desde sempre, a escrita está em mim. Escrevo porque consigo externar em palavras o que se passa aqui dentro, o que vejo do mundo e o que eu mais profundamente queria. Escrevo porque nem tudo pode ser dito. Escrevo porque meu orgulho não permite que meus amores e desamores saibam, pela minha fala, o que eu sempre quis lhes dizer. Falo tudo, nada deixo guardado, tudo o que me inquieta e fascina transformo em palavras, em crônicas e poemas, mas coloco para fora. O que me angustia já não perturba tanto depois que o mundo lê o que se passa do lado de cá. Quem lê minhas palavras é meu melhor amigo. Este espaço é reservado para um mundo que é só meu. Para o que guardo dentro do coração.

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