quarta-feira, 26 de setembro de 2012

Um lugar chamado Solidão

A casa caiu e ninguém vai te segurar, chegou a hora de você experimentar o sabor amargo da solidão, todos tem a sua hora e não é fácil chegar no seu apartamento depois de um dia de trabalho e não ter com quem conversar, para quem contar os momentos tensos e as alegrias. Todos já se foram, tem seus interesses, cada um tem mais com o que se preocupar do que pegar o telefone e te ligar. Não há recados na secretária eletrônica, o celular não toca, sem e-mails ou mensagens. Ninguém vai se importar se você desaparecer, se de repente resolver ficar três dias trancado dentro do seu apartamento, sem banho, sem maquiagem, sem comer, só bebendo e vendo TV feito um chapado. Na geladeira só comida congelada, bebidas e leite. Você não vai querer cozinhar porque fazer isso apenas para si próprio e não ter alguém para dizer o quanto a refeição está boa não tem graça; ninguém para reclamar da bagunça e da sujeira então você só vai querer limpar quando estiver inspirado. Você nunca está esperando aquele alguém especial chegar então pouco importa se o lixo e o cinzeiro estão transbordando, se a pia está cheia de louça e há copos, calçados, roupas, bolsas, jóias por todo lado. Você aprende a enfrentar seus medos porque não há quem te defenda e proteja. É só você e o silêncio. Uma cama enorme vazia, sem briga para escolher o canal na TV, os lugares na mesa e no sofá vazios então que diferença faz se você vai sentar ali ou aqui? Sem ter com quem conversar, você vai se acostumando a guardar tudo dentro de si mesmo e falar começa a se tornar algo complicado de se fazer: há tanto a ser dito, mas você desaprendeu, por força do hábito. O peito incha e dói porque o ser humano precisa trocar - não nasceu para viver só - e como qualquer animal, precisa viver em bandos. Ou ao menos em dupla. Um ser humano sozinho é uma brasa fora do braseiro: se apaga. Uma flor fora do buquê: murcha e morre. A solidão nos endurece. Esfria. Isola. 
E mata lentamente.

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