terça-feira, 11 de setembro de 2012

Anúncio de jornal



Um cara que goste de futebol, de preferência daqueles bem fanáticos, que adore sair pra jogar com os amigos ou ir ao estádio, legal seria que torcêssemos pelo mesmo time, mas isso não é pré-requisito, a rivalidade também apimenta as coisas. Ele pode gostar de beber, que mantenha sua rotina de happy hours com os amigos enquanto eu também vou para outro bar com minhas amigas ou fico no salão fazendo a unha ou o cabelo. Ele pode gostar de vídeo-games, eu também gosto, que seja parceria para um bom duelo e não se importe que eu fique jogando the sims enquanto ele prepara o jantar. Que tope me buscar no horário de almoço para uma fugidinha num hotel, feito dois amantes que se escondem para dar suas escapadas. Não me importo que seja bagunceiro desde que não me encha o saco para que eu fique juntando suas tralhas quando eu não estiver afim. Que acorde junto comigo e leia o jornal de roupão enquanto preparo o café da manhã, me deixe no trabalho e depois siga para seu dia cheio de reuniões e compromissos. No final do expediente pode me buscar ou, se eu me liberar mais cedo, aceitar minha carona, afinal eu quero aprender a dirigir, inclusive vou achar o máximo umas briguinhas quando eu errar a seta ou apagar o carro no horário de pico, coisas normais para uma mulher que acaba de conseguir a habilitação. Que chegue em casa e tenha por costume fazer um bom mate para tomarmos juntos enquanto assistimos o noticiário da noite e preparamos o jantar. Que goste de dançar ou que pelo menos queira aprender pois eu sou uma ótima dançarina... que curta uma pilcha bem gaudéria, um baile bem tradicional e até um grupo de dança para nos aperfeiçoarmos. Pode até ser maçom, fazer tantas horas extras, ser bem ciumento mas amoroso para compensar, que tenha seus momentos de reflexão e que prefira ficar sozinho. Que goste de viajar, tirar mil fotos ao conhecer lugares novos, que aceite que eu tenha um gato e um yorkshire que vão dividir a cama conosco. Que queira ter uma vida juntos, bem rotineira, como tantos casais que existem por aí, ralando para pagar o financiamento do apartamento, juntando grana para a festa de casamento e depois para o bebê. Sim, que ele queira ter filhos. Ou que não queira no começo, mas se um “acidente” acontecer, que seja um pai bem babão e dedicado. Que se dê bem com a família dele e com a minha, para que tenhamos aqueles almoços de domingo com direito à cunhados, primos, sogros e sogras, crianças correndo, cerveja e churrasco. Verão com praia, um motel de vez em quando para sair da rotina, que me surpreenda. Que seja bem romântico e apaixonado, daquele que manda flores inesperadas, manda um motoboy entregar as entradas de um cinema, que faça uma massagem quando eu estiver cansada. Sei que um cara romântico hoje em dia é complicado de encontrar, mas se não for assim, que pelo menos adore meu excesso de romantismo pois, como típica pisciana, não poupo esforços para mimar quem eu amo. Que confie em mim, que faça com que eu me sinta super segura. Que me dê a certeza de que eu estou nos planos dele até o fim. Pode até brigar comigo por eu querer cortar o cabelo e fazer tatuagens, por eu gastar demais, por ter muitos amigos, por ser sempre tão emotiva e sensível quando na verdade estou sempre me mostrando ser a mulher mais forte do mundo. Que goste de dormir até tarde nos dias de folga, que topo buscar uma pizza ou um champanhe às 3 horas da manhã, que seja todo “cricri” com o carro, um bom cidadão e cumpridor rigoroso das leis civis. Que trabalhe demais e que seja realmente bem pago por isso pois eu faço o mesmo. Que continue me achando linda mesmo quando eu estiver com 60 anos. Que suporte minhas frescuras com insetos e minhas crises de isolamento, meu enjoos quando eu engravidar e meu stress quando as cólicas do bebê não me deixarem dormir. Pode até fumar, desde que não me incomode se eu também quiser fazer isso. Que seja curioso e goste de experimentar. Brincalhão ou tímido, casa cheia ou bem na dele, que me ame exatamente do jeito que eu sou. Que não tente me mudar. Algumas coisinhas até vai, mas tem coisas que não dá. Pode até chorar quando der uma mancada e eu ficar furiosa. Um cara normal, com defeitos e qualidades, mas que seja decidido e saiba o que quer: ter uma vida do meu lado. Uma família normal, com dias normais. Será que é demais querer isso?

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