quarta-feira, 26 de setembro de 2012

Pare, por favor


Vejo a vida passando como um rio que corre para o mar, amigos e amigas casando, amores indo embora, filhos, gente partindo e chegando a todo momento. O mundo é uma máquina que nunca para porque o tempo nunca para e eu não sei até que ponto isso é bom porque ele passa tão rápido que não conseguimos observar direito as coisas, entender o que acontece, respirar um pouco. Vivemos dias tão corridos e rotineiros e geralmente não percebemos o que nos falta, o que nos cerca, o que nos faz bem, o que nos desagrada, mal sabemos quem somos. A memória vai ficando falha porque não vivemos com intensidade, nada fica marcado e o espaço do inesquecível vai ficando vazio, só restando algumas poucas memórias da infância e juventude que era quando não haviam tantas preocupações e a gente conseguia aproveitar melhor os momentos. Se o tempo não para, então eu paro. Deixar a vida correndo lá fora, o juro correndo no banco, as contas se acumulando, a comida na geladeira estragando, a cerveja amornando. Quero sentar na areia, sentir o cheiro do mar, ouvir as ondas e, sem pensar no relógio, olhar o infinito. Me ver no horizonte, rever prioridades, organizar a cabeça, respirar fundo, sentir o ar entrar e sair lentamente... a pele arder com o sol, a chuva misturar-se com minhas lágrimas, sim, eu preciso chorar, deixar a dor sair, o desamor, as perdas, as ausências, o stress do dia a dia. O choro fortalece os pulmões, alivia a alma, não cura mas ameniza. É disso que eu e mais meio mundo precisa. Parar. 

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