quarta-feira, 26 de setembro de 2012

Minha Chapeuzinho Vermelho

E parece que foi ontem que nossa amizade começou. Duas adolescentes conhecendo o mundo, a vida, experimentando, sempre com um sorriso no rosto, tentando aproveitar tudo o que nos era oferecido. Tua amizade me ajudou a enxergar um mundo que estava ali me esperando e que eu me recusava a conhecer. Me fez sair da casca, do meu canto, me desacomodou. A tua alegria me fez despertar e cair na vida real. Viver uma juventude plenamente, como tem que ser, com risadas, frescuras, festas, bebedeiras, conversas, presentes, filmes, beijos na boca, paqueras, parceria para toda e qualquer travessura. Brigamos, nos reconciliamos, fomos a shows nacionais, choramos juntas. Várias vezes. Dançamos muito. Passeamos muito. Estar com você era esquecer das tempestades, de todos os problemas, dos fracassos, do chefe, da segunda-feira, da igreja, do que julgavam ser pecado. Eu vivia acorrentada em teorias vazias e atormentada pelo medo. Você abriu o cadeado e, com certo esforço, me libertei. É como se eu vivesse numa sala toda trancada e você abriu a janela: pude ver o colorido das flores, a luz do sol, a noite, a alegria desmedida. Esqueci quem não me amava, curei a depressão. Depois mudei para longe, longe, atrás de um sonho e quando ele se realizou lá estava você pra comemorar comigo. A distância nos afastou mas não foi capaz de acabar com uma amizade linda... Sorrimos tanto juntas, aproveitamos cada segundo daquela comemoração. Mas daí a vida nos pregou uma peça. Uma peça triste e tão dolorosa. Você bateu as asas e voou, num voo tranquilo, um voo de paz, surpreendeu a todos mais uma vez. Partiu desse mundo terreno, deixando-o mais triste sem o teu sorriso, sem a tua alegria de viver e da sensatez dos teus conselhos, do carinho do teu cuidado. Dormiu como a Cinderela. Deixou saudade e muitas lembranças, tão doces de serem recordadas que quando lembro é impossível não brotar um sorriso no meu rosto. Fica, também, uma pontinha de esperança de que um dia a gente possa se encontrar de novo. Agora, dorme em paz, minha Polentinha, Nine, Pô, Polenta, Chapeuzinho Vermelho, minha eterna amiga Poline.

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