domingo, 12 de agosto de 2012

Vida campeira

Sentei na beira do fogo, espantando o frio que assola o lombo, enquanto via o sol nascendo pela janela. Enquanto a água do mate ia aquentando, peguei a cuia e fui ajeitando a erva, cevando, devagarinho, nosso amargo. O catre estendido, vidros fechados ouço a porta do banheiro se abrir: de lá sai o dono da casa, vestido para a lida do dia; senta ao meu lado, passo-lhe a cuia enquanto ele vai explicando quais as tarefas que estão por vir, o cardápio que quer para o almoço, me mostra as roupas que quer que eu costure, que se rasgaram, já gastas pelo uso diário. Vamos saindo porta afora, o lombo dos potros e do crioulo se equipara ao campo: tudo branco da geada da noite passada. Penso no sofrimento da minha horta, nos brotos que a essa hora já estavam castigados pelo ar gelado. Me despeço do marido, que encara o ar gelado da manhã, encilha o cavalo e sai à trote para o campo, arrebanhar o gado e trazer para a mangueira. Abro o portão do galinheiro, encho o coxo dos cachorros e colho uns temperos na horta. Sigo fazendo minha toalha de mesa bordada, ainda é cedo para preparar o almoço. As horas passam vagarosamente. Como um dia qualquer de quem vive no campo.

Nenhum comentário:

Postar um comentário