sexta-feira, 13 de dezembro de 2013

Texto mudo


 
Sinto-me presa e envolta de paredes que ninguém vê além de mim, com água sendo jogada para dentro desta sala invisível e eu respirando o pouco ar que me resta. Me perdi nos dias, no tempo, na data de hoje, nos dias da semana, todos eles têm sido iguais, cheios de espera, espera por uma presença que preenche, mas ainda falta algo. Estou tão presa no calendário, neste ano que teima em não terminar, nesta falta de condições de planejar e a iminência destas datas de fim de ano que nos obrigam a ser felizes só me irritam e me fazem querer ficar dentro do meu apartamento, isolada, sem internet e telefone desligado. Ao mesmo tempo que estou presa e tento me soltar, sou atacada por uma apatia, uma imobilidade: é um querer sair mas não querer socializar. Prefiro ficar quieta no meu canto do que esboçar sorrisos falsos. E eu volto a ouvir as mesmas canções que ouvia no ano passado, nesta mesma época, inquietantes, agoniantes. O que dependia de mim foi feito e ficar na dependência da boa vontade alheia é que me mata por dentro. E tudo volta a não fazer sentido, tudo volta ao estado inicial de sempre, deserto e perdido, vendo a areia voar com o vento, o silêncio brutal, esmagador da desesperança. É como se eu gritasse e ninguém me ouvisse, como se eu caísse e ninguém diminuísse o passo para me olhar e me ajudar a me reerguer. E tem alguém me ouvindo agora?

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