sexta-feira, 13 de dezembro de 2013

Recuerdos




Quantas cartas encontrei, onde lá estavam escritos todos os meus sentimentos, mas que, por acaso ou descuido, nunca foram enviadas. Achei dias arrancados de uma velha agenda, dias que eu queria, na época, esquecer, mas que por algum motivo, não joguei fora (vai ver lá no fundo não queria esquecer). Encontrei saudade ao ver a letra em velhos bilhetes de quem já se foi e chorei, de saudade e por não ter dado mais atenção enquanto podia. E aí me encontro aqui, limpando caixas que com elas levam um pouco do que eu fui, do que eu gostava, uma limpeza dolorida, como se levasse junto pedaços meus, uma limpeza motivada porque um dia alguém disse que, para novas coisas entrarem, as velhas precisam sair. Não devia ter feito isso hoje, num dia tão difícil de engolir, que passou atravessado na minha garganta e embrulhando o estômago porque as horas não queriam passar. E de onde vem essa tristeza? De onde vem este sentimento de solidão e nostalgia que me derruba como uma rasteira? E depois de estar no chão de novo, como me reerguer? Escrevo. Ao escrever, vomito aqui esse dia tenebroso que está até agora entalado na minha garganta, esse mau pressentimento que me persegue, o abandono, a lentidão do relógio, aquele sentimento de ser esquecida. Vomito, GRITO minha dor sem gritar, rasgo a minha carne, o meu eu e me mostro, humana, insana.

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