sexta-feira, 13 de dezembro de 2013

Insanidades



Um coração que dói mesmo sem ter razões aparentes, lágrimas que caem sem que eu saiba com clareza o porquê, o peito aperta como se algo me faltasse e a única coisa que vejo ao meu redor é o vazio. Velhas cartas que ficaram espalhadas pelo chão, livros lidos até a metade, os ponteiros do relógio que teimam em não andar ainda que eu espere o máximo que consigo para olhar para eles, roupas jogadas de alguém que não está mais aqui. Um copo de uísque sobre a mesa, perdi a conta de quantas doses já se foram, o cinzeiro está cheio, meu cabelo despenteado e me vejo com a pior roupa que eu poderia estar. Minha única vontade é colocar algumas coisas essenciais numa mochila e sair a pé, sem rumo, sem esperança, apenas andar, sem saber onde vou chegar. Talvez eu chegue no mar ou na beira da lagoa onde um dia fui feliz, ou à beira do precipício daquela montanha que um dia sonhei conhecer. Talvez embarque na primeira porta que se abrir e suma no mundo ou caia nas mãos de algum psicopata que me tornará mais uma de suas vítimas. A única coisa que eu não quero é ser encontrada. As lágrimas de quem me espera não vão me comover. Dei sinais o tempo todo de que não suportava mais meus dias, de que eu estava tão apática e com um medo que não permitia me mexer, mudar aquela situação. Quando eu deixar tudo para trás e partir, o conselho que dou é que me esqueçam. Serei apenas um rosto nas fotos, um perfil abandonado nas redes sociais, lembranças vagas de bons momentos vividos. Eu luto com todas as minhas forças para não sucumbir, aqui dentro do meu peito tem uma guerra sangrenta entre continuar vivendo e me entregar, entre lutar por dias melhores e sucumbir. Hoje o céu está nublado e amanhã não terá sol.

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