quarta-feira, 7 de março de 2012

Rafael, um amor fugaz.



Ela colocou a saia mais curta que tinha no guarda-roupas. Nos olhos, a maquiagem mais escura e nos lábios o vermelho mais vivo. No decote, mostrava o que podia e não devia. Na cabeça, nenhuma culpa. Enquanto terminava de fechar o zíper da bota, mais um gole de whisky pra esquentar. Pra se soltar. Desceu as escadas em silêncio, embarcou no táxi, rumo à qualquer lugar que tivesse um cigarro, uma bebida forte, música alta e gente. Entrou na festa como um cão sem dono, sozinha, ela e ela. Puxou um banco e sentou na copa, de onde não saiu a noite inteira. Ela só queria aliviar a cabeça e o coração, ganhar umas cantadas e de repente ficar com alguém que conseguisse arrancar um sorriso dos lábios dela. Foi quando ele se aproximou. Olhos claros tanto quanto seus cabelos. Os lábios pareciam ser desenhados pelo próprio punho divino. Um olhar melancólico que a comoveu. Dois seres solitários que naquela noite uniriam suas solidões. O beijo só confirmou o que a química dos corpos já anunciava. Em pouco tempo ela acordou na cama dele. O amor mais perfeito. A síntese de todos os desejos. O alívio para as dores que ela sentia. O refúgio de seu mundo sombrio. Eles se olhavam e tinham a verdadeira certeza de que já se conheciam, talvez de outra vida. E quando a tarde foi chegando ao fim, cada um voltou para suas vidas vazias e nunca mais se encontraram. Ela tinha a certeza de que tinha quer ser assim pra ser perfeito. 

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