domingo, 6 de janeiro de 2013

Domingo sem cor - Parte II



E a tarde de domingo que tinha tudo para ser alegre e reconfortante, é interrompida pelo imprevisível, atropelada pelo azar e em vez da felicidade, a agonia, a ausência quando há a necessidade física e emocional da presença. Fiquei deitada todo dia, como quem está sendo consumido aos poucos, jogada, feito brinquedo (que sou) porque ele simplesmente não quer estragar mais do já estragou pelo mau uso. Ele não quer mais brincar, embora o brinquedo seja novo e esteja ali, na prateleira do quarto, olhando sedento pra brincar com ele. Cansei dessa vida de novela mexicana, desta depressão que acorda no primeiro gole de café da manhã, desse movimento de criar esperanças e desiludir-se, virar a página, para amanhã criar esperanças de novo e o ciclo recomeçar. Cansei do meu drama particular, de esperar o telefone tocar ou a janela da conversa se abrir quando eu sei, eu sei que ele está online. E daí, quando menos espero, a janela se abre e eu me acalmo, como um viciado que consegue sua droga e fico tensa de novo, porque nunca sei o que está por vir. E de repente as palavras somem, a angústia dá lugar à excitação, estar com ele, mesmo que virtualmente, me anestesia. Como eu poderia definir o que está acontecendo comigo? E quando eu faço a pergunta mais importante da noite, ele sai, sem responder, sem dar boa noite, consciente da questão que fiz. E alguém me perguntaria: como é disputar a atenção de um homem, disputar o coração dele? A verdade é que para amar temos que ser corajosos, amar é dar um passo no escuro, assumir uma relação é se jogar de um precipício sem saber se o para-quedas vai abrir. Eu tenho essa coragem porque não temo finais infelizes, mesmo que eu saia destruída. E meus problemas começam quando homem nenhum hoje em dia está tendo essa coragem. Amar e não poder entregar/viver esse sentimento é desperdício de vida. Para que tanto medo? 

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