sexta-feira, 4 de janeiro de 2013

Divagando



A música fica tocando repetidamente e a tristeza parece uma nuvem negra que não passa e fica aqui, nublando a atmosfera, meus dias, meus segundos e ele não me ouve, não responde aos meus chamados e trata a situação como se eu não existisse. Já perdi as contas do quanto de bebida já tomei e de quantos cigarros acendi e apaguei com raiva contra o cinzeiro. Minhas vontade era sair mundo afora gritando a minha dor, buscando uma solução que parece inexistente, porque eu poderia ser o melhor para os dias dele e eu não sei porque as coisas não podem ser do jeito certo, do jeito que me deixaria mais feliz, em que eu pudesse fazer a vida dele mais alegre. As pessoas simplesmente não nos permitem entrar em suas vidas, fecham-se em seus casulos feito lagartas e não deixam ninguém perfurar esta casca de frieza. Fogem feito vampiro da cruz do amor, do apego, de uma relação, de momentos que, para mim, seriam mais coloridos do que quaisquer outros. E eu fico aqui sozinha, dividindo a solidão com outro coração partido por mais um louco que não sabe o que quer, que não sabe o que é o amor, que mentiu descaradamente quando dizia que era pra sempre. Queria rasgar meus pulsos e ficar vendo o sangue jorrar como um chafariz, até não existir mais nenhuma gota dentro de mim, deste mesmo sangue que pulsava forte quando a boca dele tocava a minha. Queria arrancar o meu coração e no lugar colocar uma pedra fria e dura o suficiente para resistir às dores que o mundo nos apresenta todos os dias. Heróis e vilões, todos os dias, ganhando e estraçalhando corações alheios e nos vemos aqui, no fundo do poço porque alguém em 7 bilhões de pessoas que existem no mundo nos fez chorar. A comida não pára no estômago como se quiséssemos vomitar a dor que sentimos; o ar entra curto em nossos pulmões como se não tivéssemos mais forças para respirar. Pegaram nosso coração e o pisaram, cortaram em mil pedacinhos como se o tivessem colocado em uma máquina de moer carne e nem o uísque, nem a cerveja, nem o charuto, nem as lágrimas serão capazes de nos fazer voltar ao estado inicial. Duas mulheres, feito almas penadas e sem vida alguma, jogadas em um sofá sofrendo de dores como a de um doente em fase terminal. Será a morte a solução? Será o tempo? Ou será que daqui à pouco cairemos nos mesmos contos do vigário ou do bilhete premiado? Quanto tempo vai demorar para alguém usar e abusar de nossas emoções e corpos como se fôssemos um brinquedo? Vale a pena lutar contra isso e recomeçar? Mas como recomeçar? De onde tirar as forças, de onde tirar o vigor para nos impulsionar a voltar a viver como pessoas felizes e satisfeitas com a vida que levam? A verdade é que o ser humano não se conforma em viver sozinho, vive numa busca constante de alguém que lhe faça companhia e acaba se contentando com migalhas de momentos agradáveis que deveriam durar a existência toda. Amar é coisa de gente corajosa, como eu, que se entrega sem ter medo de sofrer e sempre sofre no final. Amar é coisa rara, admiro quem tem um amor ao seu lado, quem tem em quem confiar de olhos fechados. Não quero falar mais dessa dor que nos toma conta. Vamos fingir que ela não existe e viver sorrindo, como se o amor existisse para nós.

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