Um vento louco e cortante bate no meu rosto na madrugada
fria de um triste inverno, num ano ímpar e peculiar. Se a vida é isso, não há um
motivo em viver, se do acaso viemos e para a cadeia alimentar entraremos, nós,
humanos que não tem predador, que maldito seja este acaso de merda que me fez
nascer. Não gosto das coisas que não fazem sentido, não gosto de não entender a
razão de tudo ser assim, não há amigos imaginários protetores dos desamparados,
não há o amanhã se eu não quiser. Se o que me faz feliz nunca está ao meu
alcance, que mal tem em abrir mão de tudo e não sair nunca mais da minha cama?
O que me obriga a viver uma vidinha medíocre, que vai desde porres homéricos e
hediondos até sexos animalescos e sem sentimento nenhum? Por que não somos
totalmente livres para buscar aquilo que nos completa, abala, causa tremor e
furor de tanta alegria? Não é coerência, concordância, motivo, razão. Sobram as
perguntas e faltam as respostas. Seres incompletos e questionadores que acordam
pela manhã e tomam seus cafés amargos e muitos comprimidos, trabalham, internet,
algumas risadas, muitas lágrimas e um vazio que raramente é preenchido. Então
meu filho, deixa a música tocar, fuma teu cigarro e apaga na pele pra sentir
que está vivo, que ainda sente alguma coisa, nem que seja dor. E cala a boca,
cessa o infindável questionário sobre o que é a vida, porque todas essas
questões não passam de vãs e vazias reflexões.
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