terça-feira, 3 de julho de 2012

Tudo aquilo que nunca foi dito



Sim, Ela amou. Foi o sentimento mais lindo, puro e verdadeiro que ela já sentiu. Sonhava acordada, planejou uma vida ao lado daquele homem. Ele a correspondia, enchia ela de mimos, carinho, proteção.
Era tudo perfeito. Um casal que exalava sentimento, era como se já se conhecessem há anos, uma intimidade profunda, paixão imensurável. Uns diziam que eram almas gêmeas, outros falavam que eles nasceram um para o outro. Ela realmente amou. Verdadeiramente amou. Sentia as famosas borboletas no estômago antes de encontrá-lo, o beijo dele era o melhor que ela já tinha experimentado, ela chorou muito em cada despedida - ainda que a ausência fosse por poucos dias. Tudo que eles viveram foi muito intenso, verdadeiro, profundo, marcante. As canções mais românticas ouviram juntos em noites frias, em momentos à dois em que o silêncio e a canção falavam por si. Ele mostrou pra ela o quanto sua beleza era excêntrica e autêntica, em cada olhar de admiração. Ela mostrou a paz pra ele: nos momentos difíceis, segurou sua mão, ofereceu seu colo, seus afetos. Juntos descobriram que entre quatro paredes duas pessoas se completam muito mais. Ele é parte dela e ela parte dele. Ele a libertou da prisão, de todas as regras inúteis que ela seguia, segurou-a pela mão e a fez voar... bater asas em direção à um futuro grandioso... Um futuro que seria perfeito se o destino não os tivesse separado. E foi assim que aconteceu. Todo sentimento foi se perdendo nas esquinas da vida, nas quebradas das ruas, na distância. E de todo aquele amor, restou carinho e amizade. E numa sexta-feira fria do mês de julho ele se casou com outra. E ela seguiu colhendo os frutos que ele lhe ajudou a plantar: uma vida profissional excelente. E um coração despedaçado. Ela não acredita mais no amor, entende que o que viveu nunca mais se repetirá e prefere tocar a vida sozinha. Infeliz no amor, se contentando com o trabalho. Ele nem lembra do nome dela. Esqueceu todas as datas. Aposta tudo na nova chance que o amor lhe deu. Mas todo mundo sabe que aqueles olhares (dele e dela) escondem um vazio. Um vazio que tem a forma um do outro. Um vazio que permanecerá vazio. Até que o amanhã resolva mudar tudo. Outra vez.

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