quarta-feira, 11 de julho de 2012

Um policial

Ele é aquele tipo de cara que te inspira confiança. Dentro da farda. Pago para proteger a sociedade. Pai de família, bom marido, bom funcionário. Postura profissional impecável. Estuda demais para subir de cargo... e consegue. Tem chegado às maiores posições dentro da corporação. Passa as madrugadas atendendo as piores barbáries que o ser humano é capaz de fazer. Prende bandidos, investiga, dá tiro se precisar. Ele é POLICIAL. Vive tenso, nervoso, preocupado com o futuro do guri que ele mesmo colocou no mundo. E que mundo é esse? Um mundo que ele tenta melhorar para seu filho viver bem. Mas todo este esforço lhe causa um profundo stress. Esquece a esposa, procura a namorada. Esquece a namorada e me procura. Me busca onde quer que eu esteja, pisa fundo no acelerador nas madrugadas de folga: faz da rua sua pista de corrida. Quebra regras. Fere a lei (esta lei imposta aos homens casados, como se estes estivessem mortos). Quem foi que disse que o amor é fiel? O sentimento pode até ser. Mas o instinto animal não. Me carrega para motéis baratos e eu não penso em mais nada. Nessa hora não há certo ou errado: a voz da pele e o sangue correndo quente nas veias GRITAM. Imploram por ele. E ele implora por mim. Sou sua válvula de escape, um corpo sedento que ele usa para se satisfazer. Sou dele. E nesta hora ele é meu. 

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