quarta-feira, 4 de julho de 2012

Um gaúcho

Encostado em uma árvore, segurando a cuia com dedicação, bombachas largas como um bom gaúcho e uma boina enfiada no rosto, escondendo o tesouro que são seus olhos azuis - foi assim que o conheci numa noite triste do mês de agosto. Dizem as más línguas que agosto é o mês do desgosto e ele surgiu pra quebrar com esta sina. Entrou na minha vida de leve, um homem à moda antiga, contido por sua timidez - que eu atropelei numa ânsia imatura de amar. A madrugada foi pequena e, embora o frio fosse de "renguear cusco", pouco percebi, já que o calor daquele abraço me envolvia e preenchia. 
Ele não torce pelo mesmo time que eu e nem dá bola pra futebol, mas não admite que falem mal do time dele. É calmo feito água de poço, é justo e vira uma fera com quem age de má fé. Um homem aparentemente rude, mas dono de um coração imenso. Sabe tudo de zoologia, botânica e licenciamentos. Quer alegrá-lo? Deixe-o ficar dentro de uma floresta. Caminhar no meio mato, olhando cada flor, cada árvore, cada inseto. A natureza parece que percebe e reconhece quem a ama e a preserva - o recebe com todo seu encanto. Acolhe este homem que a ama e a cuida incansavelmente. Este homem é orgulhoso de ser chamado de gaúcho, é dono de um nacionalismo que poucos gaúchos da idade dele tem. E eu, boba que sou, um dia, à ele, entreguei o meu coração e ele o colocou no bolso. 

Agora só peço pra esse moço, que me devolvas. 

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