segunda-feira, 2 de setembro de 2013

E aí?



Você tem plena confiança de que está muito bem sozinha, com o coração vazio, "antes só do que mal acompanhada", até que para e pensa, pensa de novo, pensa mais um pouco, pensa no trem, caminhando na rua, vendo um filme, conversando com amigos e admite, com a maior sinceridade do mundo, que está na hora de ter alguém. Admite, sem medo, que está carente sim, que está precisando de carinho, companhia, parceria ou no mínimo de alguém para te dar um pouco de adrenalina, movimentar um pouco seu mundo que virou em livros, filmes, trabalho e cama, todos os dias. Se olha no espelho e, com coragem, admite que um cara nesse momento de sua vida ia lhe fazer muito bem. Admite, mas não procura, como diz a velha frase: fica esperando o inesperado acontecer. E daí ele acontece, num encontro arranjado, num sábado quente em que você hesitou e quase desistiu de ir, por puro medo. O inesperado não era exatamente o teu tipo, tem alguns defeitos repugnantes, mas consertáveis e você resolve arriscar, pelo menos num primeiro momento. E arrisca, e se entrega, sem pensar e quando se dá por conta está encantada com uma pessoa que é totalmente o oposto de você. Resolve viver tudo, curtir tudo, conhecer o máximo possível, sente-se suspirando sem perceber, coração acelera e a pele arrepia. Mas o fim de semana acaba. Você volta pra casa com a cabeça em frangalhos, totalmente desestabilizada. O medo começa a dizer que é muito arriscado se envolver com alguém, porque pode sofrer de novo e aquele diabinho fica gritando no seu ouvido "arrisca, arrisca". Está feita a merda: você mesma criou uma encruzilhada em sua vida e agora não sabe o que fazer, está instaurado o dilema e coloca-se aí não só o medo de si mesma sofrer, mas também o medo de fazer outra pessoa sofrer, porque a vida cobra quando a gente faz isso. E aí dá saudade dos dias vazios e sem graça em que você não pensava em ninguém, não queria ninguém e nem seu corpo, desacostumado com carinho, lhe exigia feroz por atenção do sexo oposto. Alguém aponta aí uma solução?

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