domingo, 1 de abril de 2012

Mosquito



Há dias tenho um companheiro em meu quarto, que me acorda com o bater de suas asas irritantes em meus ouvidos. Há noites ele tem sugado meu sangue, incansável, como se algo de saboroso existisse em mim. Um mosquito que carinhosamente apelidei de "Edward" me fez poeta nesta noite quente em que sinto minha pele suar ao ter uma manta por cima, na vã tentativa de me proteger da sede incessante que ele tem de beber meu sangue. Edward mal sabe que tenho escrito sobre ele e que a sua fugaz existência tem me feito pensar...Edward não se cansa de mim, presencia meus prazeres solitários, minhas conversas indecorosas no telefone e na internet, meu pensamento que viaja conforme as horas passam, solitárias e incessantes. Um simples mosquito que depende de mim para viver, que escolheu meu sangue para se alimentar, que escolheu me acompanhar pelas madrugadas...e, enquanto ele se alimenta, desperta em mim uma reação não agradável, que faz com que eu mesma machuque minha pele já cansada desses anos carregados de mágoas e desse dia-a-dia recheado de tédio. Enquanto Edward faz música para meus ouvidos e não se cansa de levar uns tapas, o travesseiro é que escuta minhas frágeis emoções. A face trinca e molha com as lágrimas quentes de um coração triste e que nada espera a não ser a morte. Por um momento, esqueço da presença de Edward e adormeço, sempre com a vontade de nunca mais acordar.

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