quarta-feira, 7 de novembro de 2018

O término

Jogou o toco de cigarro pela janela em que estava escorada, enquanto pensava e achava estranho perder alguém que nunca foi dela. O relacionamento (se é que podemos chamar assim) sempre foi de pegação, provocação, um envolvimento totalmente carnal misturado com momentos de carinho. Era uma relação tão frágil que ela nunca conseguiu denominar. Serviu uma dose de um uísque barato, colocou uma música pra tocar, talvez uma canção cujo disco está arranhado de tanto uso. Lembrou das mil histórias já vividas, todas as loucuras cometidas quando a juventude atiçava seus hormônios, estes que a fizeram cair nos braços dele e ambos experimentaram ótimas sensações juntos, algumas inesquecíveis. Brigaram diversas vezes, a espontaneidade dela o irritava, sem contar a língua afiada: ela sempre falava demais. Enfrentaram diversos afastamentos longos, frequentemente motivados pelo melindroso ego dele, mas sempre algo os reaproximava. Talvez o desejo. E um belo dia, tudo acaba, de uma forma lamentável. E o término a fez perceber tudo que ela precisava para virar a página e seguir em frente, super "de boas". Consciente de que cada ser humano é livre, jogou o disco fora e acendeu mais um cigarro na janela, ciente de que ninguém entra na vida de alguém por acaso e as lições aprendidas ficarão guardadas para sempre.

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