quarta-feira, 1 de julho de 2015

Fugir



Os dias estavam calmos demais, uma calmaria digna de desconfiança, daquelas que a gente sente medo porque é quase como pressentir que algo ruim vai acontecer. Foi quando uma tsunami de lama negra, lixo, chorume e vermes invadiu aquele dia cinza e quase alegre. Fui obrigada a acordar do meu pequeno conto de fadas, as máscaras caíram e vi o rosto das pessoas que me cercam, rostos de monstros, de lobos famintos prontos para atacar e despedaçar minha carne ingênua e que achava que todo mundo era legal. E descobri que no ambiente em que passo mais de oito horas do meu dia tudo que você falar será usado contra você; descobri que as pessoas podem ser infinitamente piores do que você possa imaginar. Primeiro veio a raiva, me vi incrédula, por não compreender como as pessoas podem ser tão maldosas, coisa que eu nunca consegui ser, nem que eu quisesse. E então eu só queria fugir, correr sem parar mesmo que eu não soubesse pra onde estava indo, rezei por um milagre, por alguma alma encantada que me raptasse e levasse pra bem longe... fechei meus olhos e só pedi um milagre. 

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