terça-feira, 31 de março de 2015

A maior de todas as saudades

E subitamente aquela música começa a tocar nos fones do ouvindo, me teletransportando para um lugar do meu passado e dói, por não poder mais voltar para lá. Eu tinha só 14 anos, pessoas que eu amava ainda estavam vivas, ainda posso sentir o cheiro daquele quarto, sentir a minha inocência e lembrar que mesmo sem ter dado meu primeiro beijo na boca, já tinha um coração doendo. Lembro do rádio toca discos velho, que embalava minhas manhãs e noites e madrugadas insones, sonhando e cheia das incertezas da juventude que eu pensei que desapareceriam com o passar dos anos, mas que só deram lugar a outras incertezas. Lembro da luz do sol nas manhãs de um outono, que iluminava o pátio e as folhas verdes que lá habitavam, quase sinto o sabor dos mates adoçados com açúcar e canela, enquanto bebia com minhas amigas (minhas melhores amigas) e quase convulsionávamos de tanto rir e depois nos dávamos por conta que a razão dos nossos encontros era para estudar. Lembro da capa cor de rosa do livro de biologia, da capa azul do livro de física, da capa verde do livro de matemática, de um pequeno gravador onde gravamos muitas das nossas maiores razões pra sorrir... e me pergunto: onde eu estaria, quem eu seria se eu tivesse feito escolhas diferentes, se eu tivesse ficado ali naquela casa? Por que cargas d'água eu não posso voltar e reviver apenas um daqueles dias, refazendo meus passos, amenizando a saudade de tudo, de cada um desses detalhes tão importantes e encaixotados na minha memória de forma tão nítida, dada a relevância que cada uma dessas histórias tem??? Queria sentar na beira do mar agora e chorar todas as lágrimas que tenho engolido, só mais uma vez, e vomitar toda dor que sinto por não poder voltar para aquele espaço e aquele tempo... 

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