terça-feira, 18 de novembro de 2014

O mar

Os dias tem sido regados por altos níveis de tensão, complicações desnecessárias, tentativas frustradas de recobrar o fôlego para continuar.
Me vejo em meio a um emaranhado de relações difíceis, problemas banais mas atormentadores, brigas sem razão. Nestes momentos, meu senso de autodestruição aflora e quase não consigo segurar o impulso de me entregar ao submundo da madrugada, das drogas lícitas e ilícitas, das relações volúveis e da iminência da morte, morte que me fascina quando pessoalizada. E antes que eu tome qualquer decisão de que eu vá me arrepender depois, movo o mundo para sair do agito das metrópoles e corro para o litoral. Sinto o cheiro do mar e instantaneamente desligo meus mecanismos de defesa, tão necessários para nossa sobrevivência em sociedade. O som das ondas quebrando, o horizonte infinito, a areia e a água nos pés fazem com que eu me aproxime da resposta para questão mais difícil: qual o sentido da vida? E ali, contemplando a grandeza da natureza que jamais será dominada pelo homem, respiro fundo o ar puro e minhas energias se recarregam, pois o mar me faz sentir mais perto das coisas divinas, que não existem para serem entendidas, mas sim contempladas através da nossa consciência. É como se eu me conectasse com a força criadora de tudo, ela entrasse na minha mente para me mostrar o quanto a vida é efêmera, que a ambição é um mal necessário para sobrevivermos, mas que não deve estar sempre presente, nem conduzir nossas vidas. Me desligo dessa ânsia por ter tudo sob o meu controle, por querer planejar minuciosamente o futuro e sinto que o que realmente importa e nos fortalece é observar o mundo com os olhos de uma criança.

Nenhum comentário:

Postar um comentário