sexta-feira, 10 de fevereiro de 2012

Sexta-feira




Hoje é sexta-feira, o dia da semana preferido dela. Dela e de mais meio mundo. Preferida porque é começo do fim de semana, o começo do descanso para uns e da curtição para outros. Tempos atrás, dificilmente você a encontraria em casa em uma noite destas. A jovialidade corria nas veias dela, o álcool exalava todos os seus desejos e digamos que "tudo poderia acontecer". E toda sexta era especial. Noites de dançar até cansar, beijar bocas nunca antes beijadas e até acordar na manhã seguinte em uma cama que não era a dela. Ou acordar na cama dela com um ser nunca antes visto do seu lado. Mas depois daquele beijo nada mais foi igual. Sextas-feiras passaram a ser a noite do encontro com ele. Ela viajava quilômetros para estar com ele, sempre em uma sexta-feira, sempre observando as estrelas pela janela e rezando baixo para que a lua a protegesse e protegesse o amor que ela estava vivendo. Mas todas as orações que ela fez foram em vão. O amor se perdeu como se nada significasse. Ela perdeu todas as apostas que fez. E em meio à tantas mudanças perdeu-se de si mesma. Agora as sextas-feiras eram as noites de desafiar o impossível. De provar para ela mesma que ainda era capaz de ser desejada. De quebrar toda e qualquer regra que lhe fosse imposta, afinal as regras foram feitas para serem quebradas. Cometeu atos lícitos e ilícitos. Provou os venenos mais fortes, numa quase que auto-destruição. Numa tentativa frustrada de livrar-se de todo ódio que ela sentia. Mais do que nunca beijou por beijar, transou por transar. Alucinou. Viajou para mundos paralelos. E do alto de um prédio quase aprendeu a voar. Ela extrapolou todos os limites imagináveis. Mas depois de tanta coisa vivida, entendeu que tudo era uma fachada. A alegria tinha ido embora para sempre. Hoje as sexta-feiras não significam nada.

Um comentário:

  1. Gostei do texto. Às vezes, a gente se sente assim, né? Como se tudo fosse em vão. E numa ânsia de esquecer-se do que fêz, acaba tentando se destruir... como se a culpa fosse nossa... a vida é lugar para "no regrets"... não dá para se arrepender, nem para querer que seja diferente... quando alguém vêm, vêm porque tem que vir... quando alguém se vai, é porque já era a hora... Abraço!

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