terça-feira, 28 de janeiro de 2014

Vazio



Deixei tudo como estava, só peguei a minha bolsa, bati a porta e saí. Saí sem rumo, não me pergunte onde eu estava indo, só sabia que tinha que sair, tinha que respirar, o ar parecia não entrar em meus pulmões. Em meio à anotações, batons e moedas, encontrei uma velha carteira de cigarro e acendi um deles, que desceu doce pela garganta sedenta. Eu não queria companhia aquela noite, ainda não existia algo que preenchesse o meu vazio, um vazio que não tem cara, não tem nome, é só um buraco no peito que sangra sem parar, não importa o que eu faça ou com o que eu tente curá-lo, ele está sempre ali. Depois do cigarro entrei num táxi e pedi para o motorista colocar uma música no rádio e só rodar, rodar, rodar. Quem sabe eu visse algo que fizesse valer a pena eu descer do carro. Como se não bastasse tudo isso, ele ainda me dá um nó na cabeça cada vez que me liga. Tenho uma dificuldade imensa de acreditar no que ele diz, me jura amor mas são só palavras. - Pare o táxi - Disse enquanto tirava a carteira do bolso para acertar a corrida. Vi um bar com algumas pessoas interessantes e resolvi descer, queria ver o que tinha de bom e lá tocava Coldplay e Radiohead. Sentei em um banco e pedi uma dose de tequila, pura, e mais uma, duas e três. Foi quando o vazio virou em lágrimas e uma imensa vontade de gritar, mas eu não gritei, só senti as lágrimas correrem quentes pelo meu rosto. Me sentia um monstro, a criatura mais horrorosa da face da terra. E o vazio personifiquei: o nome dele é Stuart, meu companheiro naquela madrugada, no trago e na busca infinita de dias em que eu me sinta completa.

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